Centralizar a trama em alguns poucos personagens, no estilo dos antigos folhetins. E rechear a trama dos capítulos de ação, com tiroteios, cavalgadas e perseguições estonteantes entre mocinhos e bandidos, típicas dos grandes westerns. Essa é a estratégia da equipe de produção de Bang Bang para tentar despertar o interesse do público para a novela, quase dois meses após a saída de seu idealizador, Mário Prata, que alegou motivos de saúde. Para auxiliar na missão, a equipe conta com a colaboração do experiente autor Carlos Lombardi, que há três semanas atua como consultor em dramaturgia. Desde sua entrada, Lombardi incentiva os roteiristas a dar um tom mais movimentado e para cima à narrativa de Bang Bang. Ele afirma que, por enquanto, não pretende diminuir nenhum núcleo de personagens e não revela se vão aparecer novas figuras na fictícia cidade de Albuquerque. ?Estamos adaptando o que temos de acordo com as necessidades?, tergiversa.
Para o diretor de Bang Bang, Ricardo Waddington, a consultoria de Lombardi está sendo excelente para a equipe de produção da novela. Não é a primeira vez que Lombardi é chamado para ?reerguer? uma produção da Globo com pouca audiência, como foi o caso de Coração de Estudante, exibida em 2002. Na época, a produção também não estava atingindo as expectativas, mas com a colaboração de Lombardi, em poucos meses a novela se recuperou. Segundo o diretor, mesmo com a curta participação do dramaturgo – aproximadamente 15 dias -, não será tão difícil repetir o feito. A razão das atuais dificuldades de Bang Bang, para ele, não é por se tratar de uma história que se passa no Velho Oeste ou por ter personagens com nomes em inglês, mas sim porque o autor Mário Prata procurava dar um peso igual na história de todos os personagens. Para Waddington, esse fato causou estranheza no público, acostumado a ver novelas centralizadas somente em um grupo de personagens. ?O Lombardi nos ajuda a entender o universo do Prata e adaptar a história ao gosto do público?, explica o diretor.
Com quase dois meses e meio em exibição Bang Bang ainda não atingiu a casa dos 30 pontos de audiência, considerada ideal para uma novela das 19h da emissora – atualmente fica em torno dos 25 pontos. O autor Mário Prata, que se afastou do projeto logo nas primeiras semanas de exibição, nega-se a falar da novela ou a comentar o trabalho realizado até então pela equipe de produção. Para ele, que na ocasião do lançamento se dizia satisfeito por levar à tevê uma história que existia há 20 anos em sua cabeça, Bang Bang é um projeto descartado. ?Estou com problemas de saúde e não quero mais saber de Bang Bang?, encerra.
No entanto, a atual autora Márcia Prates vê a nova fase de Bang Bang com bons olhos. Ela afirma que a real preocupação da equipe de produção não está nos pontos de audiência, mas sim em tentar tornar uma história tão diferente num atrativo cada vez maior para o público. Para ela, a roupagem folhetinesca sugerida por Lombardi soma, em todos os quesitos, para a trama. ?As novas características funcionam. Estamos satisfeitos?, empolga-se. O ator Bruno Garcia, que interpreta o protagonista Ben Silver, compartilha da opinião e diz que as inovações na trama de Bang Bang são interessantes e reforçaram as características de todos os personagens envolvidos na história. Ele adianta que Ben Silver, além de mais ativo, terá alguns aspectos destacados, como o mistério em torno de seu passado e o romance com a mocinha Diana, interpretada pela atriz Fernanda Lima. ?Tudo está mais atraente e inovador. O público vai curtir?, afirma o ator com convicção.