A versão mexicana da novela, exibida em 1991/92, chegou a alcançar a vice-liderança na audiência. Já a nacional, que foi ao ar em 2012/13, totalizou 310 capítulos que sustentaram a segunda posição no ibope.
Finalmente, dois filmes, exibidos em 2015 e 2016 e atraindo mais de 5 milhões de pessoas, consagraram a marca Carrossel como um dos principais produtos destinados ao público infantojuvenil. Escrito dessa forma fria, mais se parece com um mero produto de mercado – na verdade, Carrossel se transformou em um dos programas mais queridos do público jovem, arrebanhando ao menos duas gerações de fãs. E boa parte deles já se prepara para a estreia de Carrossel, o Musical, que inicia temporada na sexta-feira, 20, no Teatro Santander.
A atmosfera continua a mesma: a Escola Mundial, a professora Helena, a faxineira Clara e, claro, as crianças cujos nomes entraram no imaginário dos espectadores, como Maria Joaquina, Cirilo, Paulo e Kokimoto, entre outros. “Logo que terminou a versão brasileira da novela, fizemos uma apresentação especial no circo Tihany e foi um grande sucesso”, conta a produtora Adriana Del Claro. “Foi ali que percebi o potencial de se fazer algo para o palco.”
Fã de musicais, ela decidiu que o espetáculo seria desse gênero – a escolha foi reforçada pela disposição de novamente contar com a parceria do diretor Zé Henrique de Paulo, com quem trabalhou em Nuvem de Lágrimas. Assim, a produtora dela (G. O. Prod. Artísticas) se uniu à dele (Firma de Teatro) para viabilizar o espetáculo, que só nasceu graças à cessão de direitos feita pelo SBT e a Televisa, televisão mexicana – o musical, aliás, conta com elementos originais da novela, como parte do cenário da Escola Mundial e os uniformes dos alunos.
Organizada a produção e preparado o processo de seleção, faltava ainda um elemento essencial ao projeto: o texto. É quando entra na história uma parceira de longa data de Zé Henrique, a diretora e autora Fernanda Maia que, além de escrever o roteiro inédito, também assina a direção musical e coassina a coordenação-geral. Ela assumiu o desafio de criar uma história nova, mas que mantivesse as principais características do original – afinal, os fãs não aceitariam um Carrossel inteiramente novo.
“A peça é a construção de nossos afetos”, comenta Fernanda. “A novela fala do tempo de criança, das recordações de escola, situações que todos já passamos, daí a facilidade de cada um se identificar com ao menos um personagem.” Para escrever o texto, ela assistiu novamente aos 310 capítulos da versão brasileira do folhetim, além de rever os dois longas. “Eu queria saber que história não foi contada para então começar meu roteiro.” Assim, ela dividiu a trama em dois atos – no primeiro, os fãs matam saudade, pois a história começa com os alunos voltando de férias, quando todos conhecidos personagens são apresentados.
A novidade está no segundo ato – a partir de um quadro antigo, a narrativa envereda para o suspense ao envolver um tesouro secreto, uma donzela apaixonada e o fantasma de um pirata espanhol. “Ao fazer minha pesquisa, notei que a figura do pirata é constante nas histórias infantojuvenis porque não é apenas um vilão, mas um outsider, um romântico, enfim, uma figura adorada por todos”, observa. É nesse ato também em que são usados efeitos especiais.
Fernanda logo percebeu que algumas canções do original cairiam bem no musical, mas outras teriam de ser rearranjadas. “As músicas ajudam a estabelecer a ambiência da escola”, nota Zé Henrique de Paula. “Elas também ressaltam a importância do ato de brincar, que permite às crianças brincarem umas com as outras.”
Para o espetáculo, era decisivo encontrar um grupo de pequenos atores que mantivessem essa mágica. “Fizemos escolhas em escolas preparatórias para o gênero musical e, se na época da novela foi difícil juntar o número adequado, agora foi muito mais fácil”, comenta a produtora Adriana Del Claro. Assim, para os 13 papéis infantis, foram selecionados 26 jovens, que se alternam em dias de espetáculos. Para evitar rivalidades, eles não foram divididos em equipes A e B, mas em Jujubas e Pipocas. “São crianças adoráveis, além de superprofissionais”, atesta Zé Henrique.
Para contrabalançar a inexperiência teatral das crianças, o diretor escalou um elenco de peso – a começar por Rosanne Mulholland e Marcia de Oliveira, que voltam a viver a professora Helena e a faxineira Graça, respectivamente. “É um papel muito forte e, mesmo não sabendo cantar profissionalmente, não podia deixar de fazê-lo”, conta Rosanne, que fez a novela e os dois filmes. “Já trabalhei com crianças antes e é sempre prazeroso”, atesta Roney Facchini, tão engraçado quanto Chris Couto e Rosana Penna, além de Patrick Amstalden, que se revela cada vez mais completo, agora no papel do pirata.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.