Um dos momentos divertidos da recente entrega do Oscar. Premiado com um Oscar especial por sua carreira, o diretor Blake Edwards entrou no palco do Kodak Theatre numa cadeira de rodas, simulando estar doente. E, então, a cadeira disparou e ele passou correndo por Billy Crystal, arrancou a estatueta das mãos do apresentador e perdeu-se nas laterais do palco, produzido um estrondo, como se tivesse se rebentado contra uma parede. A cena foi digna das melhores comédias de Edwards com Peter Sellers no papel do inspetor Clouseau. Você poderá confirmá-lo, agora, graças a uma circunstância excepcional.
Reestréia hoje nos cinemas, em cópia nova, “Um Tiro no Escuro”, a segunda comédia (de 1964) da série iniciada com “A Pantera Cor-de Rosa”, em 1963. Quase simultaneamente, a Fox Home Video lança no dia 7 uma caixa com os filmes da série. Falta só um, o terceiro, “A Volta da Pantera Cor-de-Rosa”, de 1975, cujos direitos não pertencem à distribuidora. Apesar do desfalque, a caixa é imperdível para fãs. Além de “A Pantera Cor-de-Rosa”, com comentário do diretor, e de “Um Tiro no Escuro”, traz quatro discos – três com filmes (“A Vingança da Pantera Cor-de-Rosa”, de 1978; “A Trilha da Pantera Cor-de-Rosa” de 1982; e “A Maldição da Pantera Cor-de-Rosa”, de 1983) e o quarto só de extras.
No último, você encontra tudo o que sempre quis saber sobre a Pantera. A história da personagem, os desenhos dos créditos dos filmes, um making of – “Por trás do Felino”, sobre os desenhos com animais – e dois especiais de dar água na boca, “Isto É Diversão” (sobre a série toda) e “O Peter Sellers Desconhecido”, com imagens e informações raras sobre o ator. Foi uma parceria e tanto. Sellers começou cedo, impulsionado pela mãe e pela avó, ambas atrizes, a tentar o music-hall.
Como o desastrado policial que investiga o roubo do diamante pertencente à princesa Claudia Cardinale, Peter Sellers isto é, o inspetor Clouseau, conquistou o público e ganhou uma série na qual a Pantera longilínea e ele viraram cults para legiões de fãs em todo o mundo. Sellers era gênio, mas seus biógrafos garantem que era tão talentoso quanto mau-caráter. Casou-se várias vezes, mas não sobrou nenhuma mulher para falar bem dele quando morreu de enfarte, em 1980, aos 55 anos. O diretor Edwards também ama as belas mulheres. A Elke Sommer de “Um Tiro no Escuro” é uma das muitas provas disso. Acusada de assassinato, ela é inocente no filme, apesar de todas as evidências em contrário. Claro que Clouseau, ao tentar ajudá-la, muitas vezes vai complicar sua situação.(Luiz Carlos Merten)