M. Night Shyamalan é o primeiro a admitir – não concebeu A Vila como um comentário sobre a América de George W. Bush, mas é o que parece para o espectador que for ver o filme que estréia hoje no Brasil. A Vila foi uma das decepções do verão americano. Havia a expectativa de grande faturamento, que não se concretizou. O filme estourou no primeiro fim de semana, mas depois o público foi se retraindo. Você logo vai descobrir por quê. Shyamalan, que todos preferem tratar como Night, fez um filme que fascina como metáfora, mas tropeça na mais elementar inverossimilhança.
Night, as atrizes Sigourney Weaver e Bryce Dallas Howard os atores Adrien Brody e William Hurt conversaram com a imprensa numa suíte do luxuoso Hotel Mandarin Oriental, com vista para o Central Park. Night disse que escreveu a história há quatro anos, bem antes que Bush, invocando o patriotismo e o combate ao terror, tentasse fazer dos EUA uma comunidade fechada como a do filme, sobre a qual pesa uma maldição que será desvendada no desfecho. É sempre assim no cinema do diretor de O Sexto Sentido e Corpo Fechado.
Em A Vila há essa comunidade fechada, numa época que você não consegue definir. Todos usam capas amarelas porque a cor vermelha os atrai. Atrai a quem? Aqueles que, na floresta ao redor, se constituem numa ameaça mortal. Joaquin Phoenix é o primeiro a desafiar o perigo. E é assim que se constrói a história cheia de elipses e subentendidos, sobre uma garota sensitiva e cega que vai desmontar o clima de terror concentrado.
