O 15.º Festival de Zurique, que acontece até domingo na cidade suíça, é uma das paradas do diretor Karim Aïnouz e seu A Vida Invisível na jornada por uma indicação ao Oscar de filme internacional – a última vez que um longa brasileiro concorreu à estatueta na categoria (até este ano chamada de Oscar de filme em língua estrangeira) foi 20 anos atrás, com Central do Brasil, coincidentemente também estrelado por Fernanda Montenegro. “Isso é muito emocionante”, disse o cineasta em entrevista ao ‘Estado’, em Zurique. “Por causa da Fernanda e porque sempre que eu penso com que filme da Retomada A Vida Invisível dialoga, e eu sempre acho que é o Central.”
A campanha está só no começo, mas Aïnouz disse estar determinado a fazer tudo o que puder. “Acho que é um ano excepcional para o cinema brasileiro”, afirmou, referindo-se aos prêmios em Cannes para seu filme, na mostra Um Certo Olhar, e para Bacurau, na competição, em Veneza para Babenco – Alguém Tem que Ouvir o Coração e Dizer: Parou, de Bárbara Paz, além de Pacificado, em San Sebastián.
“No quesito visibilidade internacional, acho que é um ano único. E é um ano em que tudo está sendo colocado em xeque. Vou fazer de tudo para que a gente pelo menos esteja muito visível nesta campanha. Claro que vai ser ótimo para mim, para o filme, para os atores, mas acho que tem um trabalho de visibilidade do cinema brasileiro que é importante nesses meses que entram. Estou disposto a ter uma vida de aeromoço”, completou, aos risos. Ele vai ao Festival de Mill Valley, na Califórnia, e a Londres, emendando com o lançamento no Brasil, em 31 de outubro.
Aos festivais que não puder comparecer, a ideia é sempre mandar representante.
A Vida Invisível fala de duas irmãs no Rio dos anos 50, Eurídice (Carol Duarte) e Guida (Julia Stockler), que são muito unidas apesar do temperamento diferente. Guida vai atrás de um amor, Eurídice casa. Mas, quando Guida volta, grávida, seus pais a expulsam, e as duas se separam. “É um filme de época, mas é atual”, disse o diretor. “Fala da condição da mulher e do patriarcado, que são coisas que estamos discutindo hoje”, afirma.
“Com este filme, quero fazer com que a pessoa saia da sala de cinema diferente do que ela entrou. Talvez fazê-la chorar, mas principalmente refletir por meio de uma emoção física.”
Uma indicação ao Oscar é importante para qualquer longa, incluindo A Vida Invisível. Mas também é o resultado acumulado de uma carreira do filme, que passa pelos festivais mais importantes do mundo. Karim Aïnouz ainda não viu seus concorrentes, a não ser Dor e Glória, de Pedro Almodóvar. “Vou começar a fazer esse dever de casa. É tudo muito novo, nunca fiz isso na vida. O Oscar é algo tão industrial, a gente vai fazer algo um pouco na contracorrente. É uma coisa meio de eleição, você tem de angariar votos. E a coisa mais importante é dizer que o filme existe.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.