A vida boêmia de Curitiba

O jornalista Raul Guilherme Urban traz à luz o livro Lares e Bares Viagem pelas Histórias e Estórias nos Dias e Noites dos Bares e Afins de Curitiba. Nele estão as mudanças sociais e comportamentais da cidade de 1850, quando pela primeira vez se noticia uma detenção por bebedeira num dos botequins do velho Mercado Central (hoje Praça Generoso Marques), ao ano de 1985.

O ano de 1985 foi escolhido como limiar de uma era. Segundo Urban, nessa data os antigos e tradicionais endereços boêmios perdem importância e espaço, dando lugar às choperias, bares temáticos e o hábito da happy hour, cultivado por uma geracão engravatada.

Algumas casas sobrevivem heroicamente, como o Bar Stuart, originalmente confeitaria, nascido em 1904, e hoje em seu terceiro endereço, guiado por Guido Chiumento, onde o extravagante e sofisticado testículo de touro é o mais procurado.

Lares e Bares, diz Urban, apoiado na vivência de 34 anos como jornalista e pesquisador de temas urbanos, “é uma grande reportagem”. O leitor é guiado por Aurélio Fonseca, personagem perene e espécie de alter ego do autor, que discute futebol, política e o cotidiano em mesas de bares ou restaurantes.

O cardápio inclui passagens em endereços, em sua maioria já desaparecidos, como ok, dirigido por Nero Caruso, que também mais tarde criou a fama das empadas, o Vagão do Armistício, do casal Lazzarotto, pais do gravador Poty. E ainda o Cometa, da família Mehl, ou o Restaurante Nino. A viagem inclui ainda o finado Bar Arthur e os então sofisticados salões de hotéis como Jonscher e Grande Hotel Moderno.

As lembranças se estendem à fama do Bar Guayracá, onde um palito se mantinha em pé de dois a quatro minutos, na espuma do mais bem tirado chopp da cidade. E chegam à Cinelândia, no Edifício Tijucas, reduto da antológica Sopa Leão Velloso, onde não poucos jornalistas boêmios e notívagos juraram enxergar um jacaré caminhar entre os barris de cerveja.

O desfile de bares e restaurantes num período de cerca de 130 anos é o fio da meada de um trabalho que também fala da evolução do transporte; do Plano Agache, responsável pela mudança física urbana a partir de 1943; de Nelson Gonçalves e outros artistas, que animaram as frívolas madrugadas do Cassino Ahu ou os auditórios das emissoras de rádio.

O livro é uma viagem no tempo. Fala de personagens (vivos ou não mais), testemunhos de confidência e conflitos existenciais. Mas fala também da história da cerveja e das cervejarias que povoaram Curitiba no final do século XIX e início do seguinte; do sanduíche de pernil com queijo e cheiro- verde preparado no Bar Mignon, de Heitor Amattuzzi.

Por fim, depois da visita aos endereços do prazer e lazer nas noites curitibanas, Lares e Bares faz uma retrospectiva histórica do Brasil, do Paraná e de Curitiba, de 1900 a 1990.

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Edição da Univer Cidade, capa e composição gráfica de Ericson Straub, fotos de Dado Pimpão, Eduardo Emílio Fenianos, Lucília Guimarães e Robson Oliveira, e revisão de Silêda Silva Steuernagel.

Lançamento nesta segunda dia 9, às 19h30, no Bar Brahma (Av. Getúlio Vargas, 234).

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