À sombra da maldade

Helena Fernandes já nem estranha mais quando é convidada para fazer o papel da vilã em alguma novela. A vocação dessa carioca de 34 anos para interpretar personagens do mal começou em 1996, quando ela deu vida à maquiavélica Silvana Karloff de Caça Talentos. Apesar de ser a vilã da historinha protagonizada por Angélica, ela chegou a ser uma das recordistas de cartas da Globo, com uma média de 200 por mês.

De lá para cá, voltou a assumir outros tipos malévolos, como a dissimulada Clara, de Força de Um Desejo, também na Globo, e a cruel Sofia, de Roda da Vida, já na Record. Em breve, ela volta a viver a sua sina – ou seria a sua maldição? – em Canavial das Paixões, do SBT. “Não me incomodo por estar me especializando nesse tipo de papel. É sinal que faço bem, né? Se não, ninguém chamava…”, minimiza.

Helena vai interpretar Raquel, a megera que vai infernizar a vida da mocinha Clara, de Bianca Castanho. “A Raquel é a pior de todas as vilãs que fiz. Se bobear, essa mata mesmo”, avisa. Há quase três anos, Helena já tinha sido convidada para protagonizar Amor e Ódio, também no SBT. Recém-saída de Roda da Vida, ela não gostou da idéia de passar mais uma temporada em São Paulo e preferiu declinar do convite. “Não me adaptei muito à vida paulistana. O trânsito é caótico e as pessoas mal se olham na rua. Parece que elas engatam uma quinta e vão embora”, queixa-se.

Torcida

Dessa vez, ressalva ela, foi diferente. A atriz não resistiu ao convite do diretor de teledramaturgia do SBT, David Grimberg, para voltar à ativa, depois de quase dois anos dedicados ao pequeno Antônio, fruto de seu casamento com o diretor José Alvarenga Jr, de Os Normais. “Em todo início de trabalho rola um nervosismo natural. Mas o ambiente é bacana e a personagem, maravilhosa. Tem tudo para dar certo…”, torce. Por conta das vilanias perpetradas por Raquel, Helena já se prepara para tomar uns puxões de orelha ou ouvir impropérios de algum telespectador mais exaltado. Como aquele inesquecível “Sua filha da p…!”, que ouviu de uma respeitável senhora na época de Roda da Vida. “Certamente, vou levar alguma bolsada em São Paulo. O público paulistano não está tão acostumado a esbarrar com artistas na rua quanto o carioca”, compara.

Batalhadora

Dos males, o menor. Na verdade, Helena nunca pensou em ser atriz. Filha de empregada doméstica, ela era obrigada a cuidar dos afazeres de casa e, principalmente, a tomar conta do irmão caçula quando a mãe saía para o trabalho, ainda de madrugada. Aos 15 anos, Helena saiu de casa em Nilópolis, na Baixada Fluminense, e decidiu morar sozinha. Para sobreviver, trabalhou como manicure, cabeleireira e representante de vendas da Kibon. A sorte começou a mudar quando o primeiro marido, o fotógrafo André Telles, sugeriu que Helena fizesse um “book” e o levasse nas agências. Logo, ela começou a desfilar e a fazer comerciais para a tevê. A estréia em novelas aconteceu em 1996, quando interpretou a taxista Nádia em Quem É Você?, de Solange Castro Neves. “Nunca fui de ficar reclamando da vida. Sempre ralei muito porque sabia que, um dia, venceria”, enfatiza.

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