A serpente estréia no fim de semana

Duas irmãs, Lígia (Mônica Ribeiro) e Guida (Débora Falabella), muito ligadas casam-se no mesmo dia e passam a dividir, com os respectivos maridos, um apartamento em Copacabana. Esse é o ponto de partida da peça A serpente, última peça escrita pelo dramaturgo Nelson Rodrigues e que será encenada em Curitiba, no teatro HSBC, neste sábado e domingo. A serpente foi lançada em 1980, poucos meses antes de Nelson Rodrigues falecer. É o texto mais curto do dramaturgo, com apenas um ato de duração, mas apresenta resumidamente as principais características que marcaram sua obra teatral.

Escrita dois anos antes, A serpente estreou no Teatro do BNH do Rio, em 6 de março de 1980, seis anos depois de Anti-Nelson Rodrigues, sua peça anterior. Nelson Rodrigues estava muito mal de saúde quando escreveu A serpente. Não foram poucas as vezes em que digitou o texto em camas de hospital, entre um procedimento cirúrgico e outro. Mesmo assim, a peça foi trabalhada até a exaustão.

O dramaturgo sempre dizia que quando colocava o ponto final, não iria rever mais nada e todos os erros fariam parte do processo. A serpente, porém, teve pelo menos três versões diferentes, testemunhadas pelo crítico Sábato Magaldi. Procurando superar os problemas apontados por seus amigos leitores, Nelson Rodrigues fez vários desfechos para a história das irmãs Lígia e Guida, apaixonadas pelo mesmo homem.

Muito companheiras, as irmãs casaram no mesmo dia e foram morar no mesmo apartamento com seus respectivos maridos, Décio e Paulo. Um ano já se passou. Enquanto Guida vive uma intensa lua-de-mel, transando todos os dias com o marido, Lígia é praticamente virgem. Querendo morrer de desgosto, a irmã infeliz expulsa o marido de casa e comunica a Guida que está pensando seriamente em morrer. Guida faz a proposta: Lígia deve passar uma noite com Paulo, marido de Guida, para nunca mais pensar em morrer. A partir daí a história toma caminhos diferentes e o apartamento agradável fica a um ponto de ruir.

Com ritmo rápido e texto sucinto, Nelson Rodrigues conseguiu escrever uma peça inteira sobre um tema familiar e pouco ambicioso: a paixão de duas irmãs pelo mesmo homem. Desde sua segunda peça, a celebrada Vestido de noiva, que aparece este estranho vínculo familiar. Em A serpente, peça de pouco mais de uma hora, a história é levada ao extremo absoluto. Um extremo de sangue e sexo, morte e vida.

Serviço:

Local: Teatro HSBC (Rua Luiz Xavier, número 11 – Rua das Flores). Sábado, às 20h30 e domingo, às 18h e 20h30. Ingresso: R$ 30,00 (Clientes do HSBC e estudantes têm 50% de desconto).
Informações: 3232-7177.

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