Os maiores talentos da atualidade no tango, reconhecidos internacionalmente nas Américas, Europa e Ásia, apresentando o mais belo repertório tradicional e contemporâneo com virtuosismo, romantismo e muita sensualidade. Esse é o espetáculo que a Cia. Uma noite em Buenos Aires espera proporcionar em mais uma temporada no Brasil, durante os meses de agosto e setembro. O show, recordista de público no Brasil e nos Estados Unidos na década de 70, colocou a música portenha no mundo inteiro.
A turnê começa no dia 4 de agosto, em Uberlândia (MG), e depois segue para Campinas (SP) e Belo Horizonte (MG). No Paraná, a companhia se apresenta em Londrina, no dia 11; em Ponta Grossa, no dia 13, e no dia 16, em Curitiba.
A apresentação propõe uma retrospectiva da história do gênero e tem direção musical do renomado maestro Carlos Buono, considerado um dos maiores instrumentistas do mundo. Três cantores: Alberto Podestá, Nora Roca, Raul Funes, além da participação especial de Alba Solís, considerada a maior cantora de tango da atualidade; três casais de bailarinos (Ariel Perez e Ester Garabali, Mariano Gauna e Loredana de Brasi, e Christian Batista e Maria Paula que também são os coreógrafos do espetáculo) mostram toda a beleza e sensualidade da dança.
Os cantores são acompanhados pela orquestra de Carlos Buono, formada pelo próprio maestro no bandoneón, Aldo Zaralegui (piano), Daniel Cucci (contrabaixo acústico), Daniel Ruggiero (bandoneon), Maurício Svidovsky (violino), Juan Bringas (violino), Juan Jose Sandri (guitarra) e, complementando o espetáculo, o famoso Duo Palermo (violões). O repertório será apresentado em ordem cronológica, desde La Cumparcita, Caminito, A Media Luz, El dia que me quieras, até clássicos de Piazzolla como Balada para un loco, Adios nonino e Libertango.
Convidada especial
Conhecida como ?Edith Piaf argentina?, Alba Solis é a cantora que teve maior reconhecimento dentro e fora do país. Apresentou-se com as maiores figuras da música popular argentina, como Francisco Canaro, Mariano Mores e Juan D? Arienzo. E apresentou-se nos principais teatros do mundo com Tango Argentino. Foi protagonista dos filmes mais importantes do cinema nacional argentino em co-produções com a Europa junto a figuras como Isabel Sarli, Narciso Ibañez Menta e Juan Carlos Thorry.
Segundo suas próprias palavras, Alba já nasceu artista e declara: ?Não escolhi meu caminho, sinto que as coisas aconteceram como tinham que acontecer?. Atuou nas Matinês de Juan Manuel e depois, já como atriz juvenil, com Atiliano Ortega Saenz e Mario Amaya.
O tango sempre foi sua paixão, desde menina. Alba estudou com a cantora lírica italiana Maria Naftri, mas às lições adicionou características próprias de seu temperamento. Os segredos das artes cênicas também foram naturalmente sendo incorporados às suas interpretações.
Sua trajetória artística está marcada por grandes sucessos e desde o início Alba impôs seu estilo, ao desfilar firmemente sua figura pelos palcos e invocar um forte sentimento nos tons graves de sua voz.
Além da inconfundível Alba Solís, outro destaque da companhia é o diretor musical Carlos Buono. Durante sua carreira, o diretor realizou turnês pelo Japão, EUA, Rússia, Europa, América Central, América do Sul e Canadá. Em 2003 esteve em turnê pelos países escandinavos, incluindo Suécia e Dinamarca, onde foi considerado pela crítica como um dos dez melhores instrumentistas do mundo.
Em 2004, depois de uma turnê pelo Brasil com o espetáculo Uma Noite em Buenos Aires, se apresentou como solista na Itália, a convite do Teatro Nacional da Ópera de Roma.
Atualmente é diretor musical do Piazzolla Tango, em Buenos Aires, e recentemente foi homenageado por sua carreira com a medalha e diploma da Sadaic (Sociedad de Autores e compositores de Argentina). A produção e direção geral do espetáculo é de Manoel Poladian.
A história do tango
O Tango nasceu em meados do século passado, na cidade de Buenos Aires. A princípio era apenas um ritmo para dançar e suas origens nasceram do Tanguillo da Andaluzia (Espanha) e da ?Habanera?, rumba cadenciada que se dançava em Havana, Cuba. O tango, por incrível que pareça, recebeu influências de ritmos africanos, de onde, aliás, se deriva o nome ?tango?.
Inicialmente, era considerada música de marginais, em que homens dançavam entre si nas ante-salas dos prostíbulos. Enquanto aguardavam a vez para entrar nos quartos das prostitutas, matavam o tempo bailando, homem com homem. Depois, esse ritmo passou a ser dançado em lugares mais finos, nos cafés e cabarés, que imitavam os ?Chateaux Cabarés?. E o próprio tango começou a ser levado por músicos argentinos para a França e depois para toda Europa no período pós-guerra.
A figura legendária de Carlos Gardel é o símbolo clássico do tango cantado. Compositor de renome, sua figura constitui um dos grandes mitos populares deste século para o país. Gravou mais de 400 músicas, filmou na Argentina, em Paris, e na Broadway. Morreu num desastre de avião em Medellin (Colômbia), em 1935. Seu parceiro, compositor e escritor de suas canções inesquecíveis, como Mi Buenos Aires Querido, El Dia que me Quieras e Volver, foi Alfredo Le Pera, brasileiro que morreu no mesmo desastre.
Outro grande nome do tango argentino, contemporâneo de Gardel, foi Astor Piazzolla. Sua música encontrou resistência nas tradicionais famílias argentinas, mas representava a evolução de um ritmo que transcendeu os limites do popular para incorporar o erudito. O ?bandoneón?, seu instrumento inseparável, incorporou-se ao tango já na primeira década deste século. De origem alemã, esse instrumento constitui a alma das orquestrações do Tango.
Essa febre chegou em Paris, com eventos dedicados ao gênero que não é apenas um gênero musical, mas também literário na Citê de la Musique e no Teatro Chaillot, a Argentina reabilitou o tango cantado, que a ditadura dos generais tentara erradicar, e redescobre a riqueza de suas origens e a filosofia que o acompanha. Tem mais: em países tão improváveis como a Finlândia, o tango tornou-se uma ?verdadeira instituição?.