Foto: Divulgação

O diretor José Mojica Marins encerra a trilogia de Zé do Caixão com o filme Encarnação do demônio, que estréia nos cinemas dia 8/8/2008.

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O cineasta José Mojica Marins, célebre por personificar o mais popular personagem do terror brasileiro, fecha a trilogia de Zé do Caixão com o filme Encarnação do demônio.

A trajetória do coveiro que aterroriza a cidade em busca de uma mulher que possa gerar seu filho perfeito teve início com À meia-noite levarei sua alma (1964).

Sua obsessão volta às telas em Esta noite encarnarei no teu cadáver (1967) e, 40 anos depois, José Mojica realiza Encarnação do demônio (2008), filme que considera sua maior obra e que estreou ontem no Festival de Paulínia, interior de São Paulo.

O filme estréia nos cinemas brasileiros na supersticiosa data de 8/8/2008. ?Esta é a Bíblia do Terror em toda América Latina. Uma história que reúne todos os elementos que os amantes do gênero apreciam: espectros, torturas e cenas violentas. Zé do Caixão ressurge na metrópole para concretizar sua missão e busca a mulher ideal para gerar seu sucessor?, relata Mojica.

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Em 2000, Paulo Sacramento, da produtora Olhos de Cão, e Dennison Ramalho, roteirista, procuraram José Mojica Marins para propor uma parceria criativa. O mestre do terror sugeriu a realização de Encarnação do demônio, antigo projeto que teve sua primeira versão escrita em 1966 e já havia passado por seis versões de roteiro e diversas tentativas de produção que acabaram frustradas.

O intuito era realizar um projeto que pudesse satisfazer os atuais interesses cinematográficos e estéticos, equiparando-se aos filmes de terror que estão no mercado, porém respeitando a linguagem desenvolvida por Mojica durante sua carreira. Para isso, Dennison Ramalho e José Mojica começaram a trabalhar em uma nova versão do roteiro.

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?Foram mais de 40 anos de luta tentando viabilizar Encarnação do demônio e acredito que vamos fazer muito barulho. Mas, no momento, meu sonho ainda não está terminado. Somente depois que eu viajar com o filme pelo Brasil e exterior e averiguar se era realmente isso que meu público esperava estarei realizado?, afirma o diretor José Mojica.

Assumir o envelhecimento do personagem, por meio do artifício de sua prisão por 40 anos, e incorporar suas questões existenciais foram recursos que deram maior profundidade a Zé do Caixão.

O clima pacato das cidades de interior, utilizado nos dois primeiros filmes da trilogia, não permitia a mesma força de identificação com o público, por isso, foi fundamental ambientar a trama na cidade de São Paulo.

Em 2006, a Olhos de Cão convidou a Gullane Filmes para participar do projeto, somando forças para realizar as filmagens e materializando os desafios que o roteiro exigia. A co-produção permitiu alcançar uma qualidade técnica e artística, à altura dos títulos de terror do mercado mundial.

Encarnação do demônio é resultado de grandes parcerias criativas e da afinidade dos profissionais envolvidos para retratar as impactantes imagens que José Mojica Marins concebe com sua linguagem cinematográfica.

Um filme que combina tradição e vanguarda do cinema nacional para contar a trajetória de Zé do Caixão, coveiro ícone do terror brasileiro, sempre em busca da mulher superior, que possa dar-lhe um filho que perpetue sua espécie, afinal, ?o sangue é eterno?.

O filme

Josefel Zanatas, o Zé do Caixão, viveu 10 anos em reclusão em um manicômio e 30 anos preso na ala de Saúde Mental da Penitenciária do Estado de São Paulo. Tornou-se uma lenda no cárcere por sua malévola personalidade.

De volta às ruas e acompanhado de seu fiel serviçal, o corcunda Bruno, Zé refugia-se em um esconderijo subterrâneo em uma grande favela paulistana. Ele retoma seu ofício como agente funerário e é acusado de trazer má-sorte à vizinhança.

O coveiro sádico está decidido a cumprir a meta que o levou à prisão: encontrar a mulher que possa gerar seu filho perfeito. Em seu caminho pela cidade de São Paulo ele deixa um rastro de horror, enfrentando leis não naturais e crendices populares.

Zé do Caixão

O personagem Zé do Caixão surgiu de um pesadelo que o cineasta José Mojica Marins teve em 1963. Como observamos em todos os filmes da trilogia, Zé do Caixão é um personagem cético e materialista.

Ao lado do Jeca Tatu, Zé o mais conhecido personagem de nossa dramaturgia. Nos últimos 40 anos, e graças ao extraordinário carisma de seu criador, Zé do Caixão enraizou-se no imaginário brasileiro, tornando-se tão popular quanto ícones de nosso folclore, como o Saci e a Mula-sem-cabeça.

?Zé do Caixão encontrou enorme eco na cultura popular. Extrapolando o limite das telas de cinema, o personagem passou a existir em programas de televisão, vídeos, DVDs, camisetas, carros alegóricos, discos, CDs, livros, revistas em quadrinhos, videoclipes, parques de diversão, programas de rádio, museus temáticos, sites na internet, telenovelas, serviços telefônicos e até perfumes e rótulos de cachaça?, afirma Paulo Sacramento.

Sobre o diretor

José Mojica Marins é hoje o cineasta brasileiro mais visto e cultuado do mundo. Ao longo de 20 anos, sua obra levou mais de 10 milhões de espectadores às salas de exibição de todo o País.

Seu nome tornou-se indissociável de sua criatura. Rompendo fronteiras, a obra de Mojica conquistou lugar de destaque na história do cinema de Horror mundial. Na década de 1990, seus filmes tornaram-se objeto de culto entre colecionadores do mundo todo, fato que acarretou a produção industrial e comercialização de seus vídeos e DVDs nos EUA, Europa e Ásia.

O personagem ganhou nome estrangeiro, Coffin Joe, e seu criador alcançou posição destacada entre os mais respeitados realizadores não só de cinema de Horror, mas de filmes independentes do planeta.

Nos últimos anos, José Mojica Marins foi convidado para homenagens e retrospectivas de seus filmes em mais de 20 festivais internacionais. Foi, também, homenageado no maior festival de cinema independente do mundo, Sundance Film Festival, acompanhado da exibição de um vídeo sobre sua trajetória.