A Mostra acabou. Então viva a Mostra, porque tem início a repescagem, com ótimas atrações. A começar por alguns filmes estupendos, que ainda não puderam ser apreciados pelos cinéfilos. Caso dos de Marco Bellocchio, diretor italiano que foi o homenageado do ano. Dele, teremos já hoje o pouco visto A Hora de Religião, em que o pintor vivido por Sergio Castellitto recebe a inesperada notícia de que sua mãe, assassinada por um irmão com problemas mentais, poderá ser canonizada pelo Vaticano.

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Nesta sexta-feira, 4, mesmo, há um Verhoeven pouco lembrado (dos anos 1980), O Quarto Homem, sobre a femme fatale que, à maneira de alguns bichos, devora o macho após a procriação. Será ainda mais interessante vê-lo porque, no mesmo dia, passa o Verhoeven recente, Elle, com Isabelle Huppert no papel principal. A francesa vive a mulher de negócios que, após sofrer estupro, resolve fazer justiça por conta própria. Mas não pense que a história se desenvolverá na direção esperada e nem que a palavra “justiça” tenha a significação universal. Há surpresas, e também a formidável maneira como Verhoeven, que melhorou com o tempo, dirige o filme.

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No sábado, na série clássicos, vem o imperdível Operação França, de William Friedkin, outro dos homenageados, mas que não pôde vir por causa de uma otite. Este filme é referência do cinema policial e de ação; e ver Gene Hackman dirigindo o carro na perseguição a um bandido pode ser experiência alucinante. Também amanhã, há O Apartamento, do inventivo iraniano Asghar Farhadi.

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Mas nenhuma atração supera em importância El Amparo, do venezuelano Rober Calzadilla, grande vencedor da Mostra este ano. O filme fala do caso real de um grupo de pescadores confundido com guerrilheiros e dizimados pelas forças do exército. Dois escaparam para contar a história. E que história!

Domingo será o dia de ver mais um Bellocchio pouco lembrado, A Intrusa, história da camponesa contratada para cuidar do recém-nascido de uma mulher com depressão pós-parto. Acima de tudo, o domingo será oportunidade de conferir a maturidade do documentário brasileiro. Martírio, de Vincent Carelli, fala do genocídio dos guarani-caiovás. E Pitanga, de Beto Brant e Camila Pitanga, faz a elegia de Antonio Pitanga, ator referencial do Cinema Novo e imenso personagem do povo brasileiro.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.