“O livro em si é que é uma unanimidade”, brinca Tavares, que conversou por telefone, um dia antes de viajar para a colônia lusitana de São Tomé e Príncipe, na África. É lá que se passa boa parte da história de Equador, ambientada em 1905 quando Luis Bernardo Valença, jovem sem problemas com dinheiro ou mulheres, aceita o pedido do rei para o ser o novo governador da colônia.
“Estive em São Tomé há dez anos e descobri um lugar sem comparação no mundo”, conta. “São duas ilhas no meio do mar marcadas por uma paisagem única; quando voltei a Lisboa e pesquisei na literatura da época, descobri que não houve grande mudança do que é hoje em relação ao início do século passado.”
O cuidado com a escrita foi outro fator a justificar a quase unanimidade da crítica, a ponto de Tavares ser comparado por alguns a um ícone do país, Eça de Queiroz, especialmente pela forma como desmascara as aparências da burguesia do início do século passado. “Fiquei lisonjeado com a lembrança e até admito que a minha história se passa poucos anos depois da dos Maias'”.
Miguel Sousa Tavares jura não se importar com a condição de anônimo que provavelmente terá em Paraty, onde vai participar da Festa Literária Internacional, que começa no dia 7.