Rio (AE) – O cineasta Noilton Nunes acaba de cumprir uma missão que lhe tomou metade da vida. Recentemente, exibiu, na Maison de France, no Rio, o longa-metragem A paz é dourada, sobre o escritor Euclides da Cunha, projeto de sua adolescência, que levou 29 anos para completar: escreveu o roteiro em 1978, começou a rodar dez anos depois e só agora concluiu o filme. O lançamento pode ser convencional, em salas comerciais, ou com exibições em escolas, clubes, praças, onde houver tela disponível. Noilton Nunes só quer que o público conheça a saga do escritor de Os sertões e a dele, para contar essa história.

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?Não é o filme dos meus sonhos, mas o que consegui fazer, é o filme dos meus pesadelos, tantos percalços enfrentei? conta o diretor que co-dirigiu o longa O rei da vela e outros títulos do Teatro Oficina, com José Celso Martinez Correa. ?Tenho paixão por Euclides desde a adolescência, quando venci um concurso de redação sobre seu centenário de nascimento. Sua vida e sua obra vão além da viagem a Canudos, como correspondente do jornal O Estado de S.Paulo, e de Os sertões, relato literário do que ele viu lá. E, ao contrário do que é voz comum, seu texto é fácil, pleno de informações e atualíssimo.?

A vida do escritor daria um romance, se um ficcionista ousasse criar tantas peripécias para um personagem. Filho de fazendeiros do Estado do Rio, foi expulso do Exército, ainda cadete, por manifestar-se a favor da República, quando o Império ainda se julgava forte. Tal atitude o transformou de excluído a herói em poucos meses, quando os militares derrubaram a monarquia brasileira, mas logo Euclides decepcionou-se com o governo de seus colegas de farda. Os Sertões é a primeira manifestação desse sentimento. Mas, para Noilton, Canudos não foi a maior aventura do escritor.

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