Quando mudamos para cá, já havia um canteiro com gramado e uma pequena árvore, defronte ao prédio. Todas às vezes em que, de vassoura em punho, eu varria a calçada e mostrava cuidados com o gramado, algumas pessoas paravam para conversar.
Com o decorrer do tempo, alguns passantes e até moradores da vizinhança passaram a atirar lixo e até estacionar o automóvel no canteiro gramado. Naturalmente, com os maus tratos, a grama desapareceu e só ficou aquele retângulo de terra, cheio de dejetos. E o canteiro permaneceu por muito tempo assim.
Outros vizinhos, do outro lado da rua, um dia, contrataram uma equipe de jardineiros e eis que a calçada ficou linda!
?Dona Margarida, mande arrumar o jardim.? Era o Delton, sempre pedindo. Até que decidi e mandei contornar aquele retângulo, de dez metros por dois, com tijolos. Algumas mudas de samambaias e uma palmeirinha foram plantadas… É, ficou bonito. Os vizinhos me acenavam de longe, aplaudindo a mudança.
Foi no domingo, dia 12, pouco depois das sete horas da manhã, ao me preparar para regar aquele canteiro, constatei que a palmeirinha havia sido arrancada e só restava uma cova no lugar…
Todos estão indignados, pois ?a palmeirinha da dona Margarida foi roubada?. As pessoas param ao me verem na calçada cuidando do que restou e confraternizam comigo, lamentando o roubo…
Estou cercada de pessoas muito amáveis.
Voltei a cuidar do canteiro: Ainda, de vez em quando, alguém muito ?cara-de-pau?, arranca alguma mudinha que plantei. Mas meu jardim está progredindo, algumas flores já se destacam; as samambaias, apesar de alguns maus tratos, estão firmes… Duas mudinhas de begônias estão floridas… A grama está se espalhando. Quem sabe até o próximo verão teremos um pequeno jardim público para nos encantar!
Margarita Wasserman – Escritora e membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
