A MTV é a que melhor aproveita o verão

Os meses de verão são tradicionalmente marcados por uma pequena queda na audiência e no faturamento publicitário das emissoras de tevê. Para tentar prender o telespectador diante da telinha, no entanto, muitas delas recorrem às armas da estação: cenários ensolarados, belas mulheres em trajes de banho, rapazes sarados exibindo os bíceps e tríceps e o barulho das ondas do mar como pano de fundo. É o que sempre faz o Caldeirão do Huck, da Globo, que sai dos estúdios e arma seu cenário na praia de São Francisco, em Niterói, durante os meses do verão. Mas este ano, entre as emissoras abertas, apenas o SBT ignorou solenemente a subida dos termômetros em sua grade de programação. A Band pegou carona na idéia da MTV e também montou sua “casa” na praia. Na Record, a segunda quinzena de janeiro foi marcada por maratonas noturnas transmitidas do Píer Bahia, em Salvador. Já a Rede TV! levou seu estúdio móvel para as areias do Guarujá, no litoral de São Paulo.

No caso do programa de Luciano Huck, as edições de verão não fogem muito ao tradicional. É certo que o apresentador e seus convidados sempre parecem muito à vontade sob o sol escaldante à beira da praia. Mas, basicamente, só muda mesmo o cenário e o figurino de Luciano e da platéia.

A verdade é que nenhuma emissora aproveita tão bem o clima da estação quanto a MTV, que há oito anos investe em uma programação especial nos meses de janeiro e fevereiro. No ano passado, a idéia de fixar a programação em Maresias, no litoral de São Paulo, deu tão certo que a fórmula da Casa da Praia foi repetida este ano. Mas, como sempre, não faltaram novidades. Como o Rockgol de Areia, que tornou ainda mais “avacalhado” o mais louco torneio de futebol da tevê. Ou o Gordo à Bolognesa, uma inacreditável mistura do estilo “punk” de João Gordo com a culinária. E o interessante Rafa-Ta-Ta, em que o VJ Rafa Losso aproveita a “debandada” da sede da emissora para “barbarizar” os arquivos, trocando as músicas dos clipes, misturando estilos e colocando diálogos esdrúxulos na boca dos “personagens” da emissora.

A grande diferença é que a emissora musical aproveita o verão para testar os formatos de novos programas, que eventualmente podem até conquistar espaço fixo na grade. Foi assim, por exemplo, que surgiram o VJ Por um Dia e o Pulso. Além disso, os VJs da emissora, já irreverentes por natureza, aproveitam a época para “chutar o balde”. Assim, chova ou faça sol – literalmente -, os programas têm aquela naturalidade que tanto atrai os espectadores. É possível ver Marina Person de pernas para cima, “brincando” com o DVD do Neurônio, ou Penélope ironizando os “passeios” de Léo Madeira no Câmbio MTV. E, o que é melhor, sente-se que os programas ganham em espontaneidade e criatividade com o clima praiano.

Obrigação

Em outras emissoras, no entanto, o clima “quente” acaba soando mais como “obrigação”. Ou seja, não acrescenta grande coisa ao conteúdo da programação. É o caso da Rede TV!: a emissora nada mais faz a não ser transferir alguns programas para o Guarujá, da mesma forma que, no inverno, utilizou Campos do Jordão como cenário.

Já na Record e na Band, a tentativa foi investir para valer na estação. Sob o comando de Adriane Galisteu e Otaviano Costa, o Bahia 50º, da Record, ficou no ar por uma hora e meia, de segunda a sexta-feira, durante a segunda quinzena de janeiro. Mas as atrações pareciam bem mais adequadas a uma programação de Carnaval: apenas convidados musicais, sensivelmente voltados para o axé, se revezavam sobre o palco, enquanto os apresentadores pulavam feito loucos, cumprindo o papel de animadores de platéia. A Band, por sua vez, distribuiu as matérias do Casa do Sol por toda a grade, o que ajudou a despertar o interesse e evitar a saturação. A emissora acertou ao escalar Olivier Anquier, que está muito à vontade nos papéis de repórter, entrevistador e anfitrião da casa, ao lado de Sabrina Parlatore, que também dá conta do recado. Mas as brincadeiras e os jogos realizados com os convidados da casa definitivamente não têm a menor graça. Resultado: o programa ganharia se abandonasse as “celebridades de plantão” e investisse mais na exploração da região de Ilhabela, com matérias produzidas pelos dois apresentadores.

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