A moda brasileira brilha, mas não vende

A segunda edição do Fashion Marketing, seminário criado pela empresária e jornalista Glória Kalil, reuniu, entre os dias 17 e 18 de abril, em São Paulo, profissionais do Brasil e do exterior para trocar idéias sobre a indústria da moda brasileira. A pergunta escolhida para guiar as discussões – Os italianos têm design, os franceses têm marca, os americanos têm mercado interno, os chineses têm preço e nós, temos o quê?  – foi debatida por todos os palestrantes, mas a melhor resposta provavelmente tenha sido do estilista brasileiro Alexandre Herchcovitch, que disse: ?Nós temos que aprender com eles um pouco de tudo?.

De 2006 para cá, as exportações brasileiras diminuiram 5%, enquanto as importações aumentaram 40%. Para se ter uma idéia das dimensões deste mercado, é importante lembrar que há 1,6 milhão de pessoas trabalhando na indústria têxtil. Ou seja, é o segundo setor que mais emprega gente no País, perdendo apenas para a costrução civil. Números que comprovam a declaração do palestrante Giovanni Bianco, diretor de arte da GB65, responsável pela comunicação visual de Madonna, Nike, Missoni, D&G, entre outros. Segundo ele, ?a moda não é a ilha da fantasia, é negócio?.

O evento do ano passado concluiu que a intuição é o ingrediente principal na receita de sucesso daqueles brasileiros que se consagraram no mercado da moda. Para se destacar em um segmento sem tradição, com uma economia desfavorável para exportadores, talvez sorte – como chegou a ser cogitado por alguns palestrantes – também seja um ítem indispensável. Esse foi o caso de Danniela Helayel, estilista carioca radicada em Londres, proprietária da marca Issa. Sua trajetória prova que talento e sorte formam uma combinação imbatível para alcançar vôos mais altos. Os vestidos da Issa começaram a ser usados pelas amigas da criadora e foram conquistando as amigas das amigas, até cair nas graças de celebridades como Madonna, Paris Hilton e Sienna Miler. Com uma forma inovadora de divulgação e atual de gestão, ela conquistou o mercado externo sem perder a fórmula quase artesanal de negócio. Sua equipe conta com 24 profissionais de 16 nacionalidades.

De que o Brasil tem criatividade, ninguém dúvida. O italiano Vittorio Missoni, diretor executivo e de marketing da grife Missoni, afirma que nós temos bons estilistas, qualidade, boas idéias e preços competitivos. Para ele, nós temos a vantagem de poder experimentar, enquanto o mercado europeu sofre a pressão de nunca poder errar. Por outro lado, Danniela Helayel diz que prefere produzir suas peças na China. Aqui, ela encontra barreiras no atendimento, não consegue achar a matéria-prima que precisa e vê pouco profissionalismo na indústria. Talvez seja este paradoxo o responsável pela a afirmação feita pela organizadora do evento já no ano passado: ?A moda brasileira brilha, mas não vende?. Qual seria a solução então? A sugestão de Vittorio Missoni é que o Brasil invista mais no seu mercado interno antes de pensar em exportações. Alexandre Herchcovitch diz que são necessários maiores investimentos, Oskar Metsavaht, da grife Osklen, pede mais incentivos da economia brasileira e Ucho Carvalho, consultor de linguagem e comunicação visual da África Propaganda completa dizendo que falta um conjunto de esforços. 

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