Depois do sucesso do filme 2 Filhos de Francisco, que narra a trajetória da dupla Zezé di Camargo e Luciano, a esposa de Francisco, mãe dos cantores sertanejos, Helena Camargo, lança agora a sua visão da história, através de uma biografia escrita por Carolina Kotscho – também roteirista do longa-metragem. Dona Helena, como é chamada, diz que realizou um sonho publicando o livro Simplesmente Helena. Esse sonho é repassar a sua história de vida a seus descendentes. ?Sempre quis escrever minha história. Não conheci meus bisavós, nem sei a história deles. Queria deixar algo para os meus netos e bisnetos, quando eu não estiver mais aqui?, explica.
O livro é carregado de sinceridade e traz ainda algumas revelações sobre a família Camargo que não estão no filme. Helena detalha, por exemplo, o episódio do seqüestro de seu filho Wellington, em dezembro de 1998. Repassa toda a dor e ?acerta as contas? com a imprensa sensacionalista, que chegou a noticiar que sua nora teria planejado o crime contra o próprio marido. Sobre isso, o mais impressionante é quando ela avalia a depressão pela qual passou, justamente num momento de sua vida em que já podia contar com conforto material. ?O livro é um complemento do filme. Nele conto toda a minha infância, que foi linda, o nascimento dos meus 10 filhos, as nossas dificuldades e como a minha família conduziu e enfrentou o sucesso e a fama. Mas o mais importante é que eu quero que as pessoas, ao lerem a minha história de vida, aprendam a ter sempre muita fé em Deus, a acreditar na vida, ter esperança, superar as dificuldades e batalhar muito, porque Deus te dá em dobro?, conta dona Helena.
O sonho era de dona Helena, mas a idéia foi do filho, Luciano, que incentivou a mãe e pediu a Carolina Kotscho, para que ouvisse a sua mãe e escrevesse o livro. ?Queria muito fazer esse livro, mas não sabia como, porque tenho dificuldade para escrever. Foi aí que o Luciano teve a idéia e fez a proposta para a Carol e ela aceitou?, conta Helena.
Em primeira pessoa
Carolina resolveu contar a história em primeira pessoa. Toda ela, como se fosse um grande depoimento. Misturou todos os depoimentos que colheu, pôs em ordem cronológica e obteve um resultado muito interessante quando resolveu contar tudo como se fosse a personagem principal do livro. O leitor sente estar ouvindo a voz da mãe de Zezé quando lê até os maneirismos da fala dela que Carolina conseguiu captar, sem perder o potencial cinematográfico e epopéico da história. ?Os sentimentos dela com relação aos acontecimentos narrados no livro são verdadeiros e só dela, mas a reconstrução dos fatos foi feita com a ajuda de seu Francisco e dos filhos?, explica Carolina.
Como Francisco, patriarca da família Camargo, dona Helena sempre acreditou no sucesso dos filhos Zezé di Camargo e Luciano. ?Eu cantava para eles quando eram pequenos. A gente achava que bastava os meninos saberem cantar bonito que já iam fazer sucesso, mas a vida nos mostrou que não era tão fácil assim?, lembra ela.
Em Simplesmente Helena, ela define: ?Pobre só aprende a ser pobre. O povo pensa que é fácil, mas ninguém ensina a gente a mudar de vida. Todo mundo acha que não tem felicidade maior que a de realizar um sonho. Mas não é assim. Quando o sonho se realiza, deixa de ser sonho. Vira verdade. E a verdade sem sonho nem sempre traz alegria?.
