A matriz da metáfora

Jamais o corpo foi tão exibido e interpretado ao mesmo tempo em que todo mundo concorda em dizer que ele é um enigma. Com a arte corporal e as performances artísticas, o corpo se faz obra viva. Em vez de ser falado, ele se torna linguagem. É a apologia do contágio estético. Esses novos símbolos da exibição artística puseram fim ao poder do espelho? Parece mais que a paixão do duplo prossegue: nos laboratórios de criação artística das imagens virtuais, é o mito do corpo puro que vem instituir a crença em uma nova corporeidade.

Estas e outras considerações estão em O Corpo como Objeto de Arte (Editora Estação Liberdade, 184 páginas), do sociólogo Henri-Pierre Jeudy, para quem as inscrições sobre a pele, a aparição do esqueleto, a visão do sangue e dos pêlos fazem do corpo a matriz ideal da metáfora. O livro, enfim, não trata dos modelos de beleza ou do esteticismo, mas dessa vertigem das imagens corporais que oferece a ilusão de nossas metamorfoses.

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