A Lapa toda em suas mãos. Êta, Lapa!

Um álbum de figurinhas. Foi o modo encontrado pelo Instituto Histórico e Cultural da Lapa e pela Prefeitura Municipal da Lapa para difundir entre os alunos do ensino básico do município e os milhares de turistas que o visitam a história, a cultura, as tradições, as belezas e a economia da legendária cidade paranaense.

“Não poderia ter havido melhor escolha” sustenta a presidente do IHCL, Maria Inês Pierin Borges da Silveira. “Ao mesmo tempo em que se reativa nas crianças o interesse, o amor e o orgulho pela Lapa, faz-se com que elas conversem sobre a sua cidade, troquem idéias, na escola e em casa, tenham maior participação na vida comunitária. É um congraçamento agradável, saudável e necessário, sobretudo nesta época de tantos desencontros e descaminhos”.

“Também o título do álbum, A Lapa em suas mãos, foi dos mais felizes, exatamente pelo que ele envolve” realça Maria Inês, creditando a idéia e a execução a Eliane Xavier, Vilma Piovezan Wille, Cássio Carneiro e Valéria Borges da Silveira, da Comissão de Educação do instituto.

Lição de cidadania

A publicação tem, também, o propósito de ensinar os jovens escolares sobre os seus direitos como cidadãos. O de exigir a nota fiscal em todas as compras que fizerem, por exemplo.

Isso porque os envelopes contendo as figurinhas que compõem o álbum não serão vendidos, mas trocados por notas fiscais. Cada R$ 30,00 de compras dará direito a dez pacotinhos, cada um com três cromos. E a criançada poderá – claro! – trocar as figurinhas duplas com os colegas e amigos.

Apenas os turistas terão a possibilidade, num futuro próximo, de adquirir os álbuns, então já completos, por um custo ainda não definido.

Educação a distância

E a velha Lapa, de encantos mil, vai seguindo a sua trajetória, adaptando-se ao futuro, sem perder de vista, contudo, as suas tradicionais características históricas e sociais.

No dia 25 de setembro, paralelamente ao lançamento do álbum Lapa nas suas mãos, foi inaugurada a nova sede da Educon, uma das maiores empresas de educação a distância do Brasil, outro empreendimento do ex-ministro da saúde, o lapeano Luiz Carlos Borges da Silveira. Em parceria com outras instituições de ensino, como a USP, Universidade Estadual do Maranhão, Universidade de Tocantins e da faculdade local, a Fael, oferece cursos de extensão graduação e pós-graduação para uma rede nacional de sala de teleconferências via satélite, em mais de duzentos municípios, em todo o País.

A nova sede da Educon deverá transmitir, a partir do próximo ano, desde a Lapa, todos os cursos de pós-graduação, assim como o Curso Normal Superior da Fael, já aprovado pelo Conselho Nacional de Educação.

A volta do cinema

Outra boa notícia é a que o antigo Cine Imperial, há tantos anos desativado, vai ser reativado. Excluído da relação de velhos cinemas do Paraná dignos de recuperação, pelo governo anterior, deverá ter do atual a atenção e o cuidado que bem merece. E o velho prédio, atualmente ruínas, ao lado do edifício da Prefeitura Municipal, será revitalizado. O governo estadual, aliás, já estaria cuidando da licitação para a imediata restauração daquele que, até os anos 60, foi um dos principais pontos de encontro e lazer dos lapeanos.

Se tiver condições até janeiro (ou fevereiro), deverá sediar o festival de cinema, que o Instituto Histórico e Cultural da Lapa está planejando para 2005. Ops, será que cometi uma inconfidência?.. Agora, já foi. Que venha o Lapacine ou o Festlapa, seja o título que for!

Enquanto isso, a igreja matriz continua pedindo socorro

É o ponto destoante da festa. Primeiro prédio não residencial da Lapa, levantado no século XVIII, entre 1769 a 1784, a Igreja Matriz de Santo Antônio é um dos principais ícones da cidade. Abrigou a fé de tropeiros, romeiros e lapeanos desde os tempos da Vila Nova do Príncipe. Durante o Cerco Federalista de 1894, serviu de ponto de observação para os bravos resistentes e guarda até hoje em suas largas paredes balas dos canhões das tropas de Gumercindo Saraiva. Mas não resistiu ao ataque dos cupins e ao abandono do poder público. No dia 13 de junho deste ano, após a celebração da missa de aniversário da cidade, teve as suas portas lacradas ante o risco de desabamento da sua estrutura, comprometida pela ação do tempo, das infiltrações e do batalhão de insetos.Desde então, longe dos fiéis, a velha matriz enfrenta outro inimigo impiedoso: a burocracia oficial. Como é um edifício tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional, somente com a autorização deste poderá receber cuidados. E este, como todo serviço público, tem dificuldade de locomoção. Precisa seguir os canais competentes. Prometeu ajuda, mas tem lá as suas exigências. E limitações. O trabalho do Iphan deve restringir-se à área tombada, de conservação externa. E, talvez, à estrutura. Mas o restante? Afinal, estamos falando de uma senhora de 220 anos… Aí o problema deverá ser da Secretaria de Estado da Cultura e/ou da Prefeitura Municipal da Lapa, já que a diocese já avisou que não tem caixa. Mas essas são, também, entidades públicas, com toda aquela burocracia e limitações já referidas.

O Instituto Histórico e Cultural da Lapa tem todo o interesse de ajudar. Também não sabe bem como, mas já está com o seu pessoal em ação. De algum lugar haverá de vir a salvação da velha matriz. Com as bênçãos de Santo Antônio.

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