Ligue a televisão, ouça as rádios, saia na noite de Curitiba. Por onde passar, você verá homens usando fivelas e chapelões, mulheres com camisas amarradas na cintura. O som será o mesmo – violões e guitarras em acordes perfeitos, temas românticos e vozes em terça. O que é isso? É a disparada da música sertaneja.
Depois de um período em baixa nas rádios e nas televisões, um novo surto de música ‘caipira’ (melhor chamar de country) agita o País. Mas Curitiba entrou no estilo de cabeça.
Os bares mais agitados são os que tocam música sertaneja. As festas também são as mais movimentadas – tanto que agora existe até a ‘rave sertaneja’. A última delas foi um sucesso estrondoso. Nos teatros, enquanto artistas consagrados não conseguem encher as casas, qualquer apresentação da “turma do interior” transborda de gente.
Exemplo? O último show de Zezé di Camargo e Luciano, no Teatro Guaíra. Duas semanas antes do espetáculo, já foi marcada uma apresentação extra. Nos dois dias em que os dois filhos de Francisco foram ao palco, um frenesi tomou conta da cidade.
Quem vive a música em Curitiba confessa que não via há muito tanta gente tietando artistas. E não eram aqueles que muitos consideram os fãs preferenciais dos sertanejos – eram empresários, advogados, personalidades e socialites esperando por uma foto ou um autógrafo dos cantores.
Foi assim com Zezé e Luciano, mas também seria (como é, claro que em menor proporção) com Hugo Pena e Gabriel, João Neto e Frederico, Fernando e Sorocaba, Edson e Hudson e outras duplas. Você não conhece? Muitos realmente não conhecem, mas são artistas com relativo sucesso, e que lotam as casas em que se apresentam por aqui – e em Londrina, Maringá, Cascavel e qualquer outra cidade.
Estes jovens são estrelas do que se chama de “circuito universitário”. Ligados aos centros acadêmicos das faculdades, produtores programam festas para as comissões de formatura, que levam parte do lucro em nome da divulgação maciça.
Este formato de festa se popularizou em Curitiba, e ajudou a aumentar a penetração dos jovens artistas sertanejos. Mas esta onda não está mais restrita aos estudantes.
Lembra, em parte, a fase do “forró universitário”, que agitou o Brasil no início da década. Com estilo mais palatável à jovem classe média, a música nordestina ganhou fãs por toda parte, com o grupo Falamansa liderando a ‘invasão’.
Agora, os sertanejos repetem a dose, diminuindo o tom “fim de festa” das composições e angariando cada vez mais admiradores na ala jovem. É o eterno resumo da música brasileira: são os garotos e garotas que ditam os ritmos da moda.
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