Rainha de bateria que se preza não perde um ensaio, samba até altas horas e jura amor eterno à escola de coração. Mesmo assim, não se pode dizer que todas as rainhas são iguais. Num ano de “baixas” consideráveis – como as de Luma de Oliveira e de Luana Piovani, da Viradouro e do Salgueiro, respectivamente -, a atriz Juliana Paes parece já ter conquistado o título de “musa do Carnaval de 2004”. Prova disso foi a gravação das vinhetas com as rainhas de bateria das escolas de samba do Rio de Janeiro, que movimentou os estúdios do Projac há poucas semanas. A última rainha a gravar foi também a mais cortejada: o brilho de Juliana ofuscou até o de sua colega de elenco, a atriz Deborah Secco, que também estréia como rainha de bateria da Grande Rio, no lugar de Luciana Gimenez.
“Não quero saber de ser musa do Carnaval. Só quero saber de ser pé-quente para a minha escola. Se a Viradouro for campeã, já me dou por satisfeita”, esquiva-se a atriz.
Depois de três anos como destaque em carro alegórico, Juliana Paes estréia como rainha de bateria na mesma escola onde Luma, também de Niterói, brilhou nos últimos cinco anos. A responsabilidade de substituir uma das figuras mais carismáticas do Carnaval carioca, porém, não chegou a assustá-la. “É uma honra estar no mesmo lugar que, um dia, pertenceu a ela. A Luma é um evento à parte no Carnaval. Tenho grande admiração por ela, mas não quero comparações”, pede. Mesmo assim, Juliana arregala ainda mais os já graúdos olhos castanhos ao falar do susto que levou ao ser convidada para assumir a coroa de rainha de bateria da escola. Primeiro, ela ouviu o estouro: Luma estava fora do desfile deste ano. Depois, veio a explosão: ela própria seria a sua substituta. “Foi uma bomba atrás da outra”, resume, brincalhona.
Repercussão
Muito do alvoroço causado em torno do nome de Juliana Paes se deve a uma certa manicure do Andaraí: Jaqueline Joy. A própria atriz é a primeira a se dizer surpresa com o inesperado sucesso da personagem de Gilberto Braga. “Ela tem repercutido umas mil vezes mais do que o esperado”, exagera. Boa parte do mérito, porém, é da própria Juliana. Antes de começar a gravar Celebridade, ela chegou a consultar uma psicoterapeuta para ajudá-la a traçar o perfil psicológico da personagem, uma criatura ávida para alcançar a fama.
Apesar do discurso recorrente entre as musas de Carnaval, Juliana Paes jura que é Viradouro desde pequenininha. Para tanto, avisa que morou do ladinho da quadra da escola em Niterói, onde ainda vivem seus pais, e era freqüentadora assídua do lugar. “Lá, eu me sinto em casa!”, derrama-se. Embora não lembre exatamente com que idade começou a freqüentar os ensaios da escola, Juliana derrama-se toda ao dizer que todo ano era a mesma coisa: ela ficava na maior expectativa para saber se o pai havia conseguido comprar os ingressos para o desfile das campeãs na Marquês de Sapucaí. “Fazer parte deste show é uma glória!”, exalta.
Arrepio
Há poucas semanas, Juliana teve uma pequena amostra do que deve sentir na segunda-feira de Carnaval, quando a Viradouro entrar na avenida. Ela quase não conseguiu controlar a emoção ao participar do ensaio técnico que todas as escolas promovem às vésperas do desfile. “Foi muito lindo. Toda vez que eu cantava o refrão, ficava arrepiada. Esse refrão é quase uma oração”, compara ela, referindo-se aos versos “Ó Virgem Santa, rogai por nós! Rogai por nós, Ó Virgem Santa, pois precisamos de paz”. Apesar de eufórica, Juliana sabe que precisa tomar alguns cuidados durante o desfile da vermelho-e-branco. Um deles é prestar atenção às marcações do Mestre Ciça, responsável pela bateria da Viradouro. O outro é aumentar a resistência física para não cansar durante os 80 minutos de desfile. Por conta disso, ela tem corrido 40 minutos na esteira e feito musculação diariamente para garantir a boa forma. “Por enquanto, estou tranqüila. Nervosa mesmo eu vou ficar é na hora”, confessa, esfregando as mãos.