Poucas semanas depois do lançamento da segunda parte de Che, o diretor Steven Soderbergh apresenta um filme completamente diferente ao público. Para quem viu Che 2 A guerrilha, a trama cheia de escutas, investigações do FBI e negociações de uma grande multinacional norte-americana presente em O desinformante! mostra a faceta versátil do diretor.
As marcas do diretor estão presentes o tempo todo no novo filme de Soderbergh, uma das melhores estreias deste fim de semana nos cinemas. Pode parecer um filme de ação e de espionagem, mas O desinformante! não é sobre isso.
Da história real de um dos maiores escândalos corporativos da história dos Estados Unidos, narrada no livro Informant: a true story, de Kurt Eichenwald, Soderbergh pinça os elementos fundamentais para transformar o tema em um filme cheio de ironia e de humor.
Pela sua vertente para o humor negro, em muitos momentos O desinformante! chega a lembrar Queime depois de ler, dos irmãos Cohen, assim como a trilha sonora pode lembrar, em algumas sequências, outros filmes de Soderbergh (como 11 Homens e um segredo e suas continuações).
O personagem principal, Mark Whitacre, interpretado por Matt Damon (que teve que engordar muitos quilos para viver o papel), pode logo de cara aparentar ser um personagem raso, fácil de ser decifrado e é aí que reside uma das principais armas do filme, que vai desvendando a personalidade de Whitacre.
Executivo em rápida ascensão na gigantesca empresa da agroindústria Archer Daniels Midland (ADM), Whitacre se torna informante do FBI entre 1992 e 1996 sobre a conspiração de sua empresa para a formação de um cartel.
Imaginando-se uma espécie de agente secreto, Whitacre começa então a usar microfone escondido e carregar um gravador, para subsidiar o FBI com provas, acreditando que, quando o escândalo fosse descoberto, ele seria transformado em herói e promovido dentro da empresa.
O que parecia fácil se transforma em relatos confusos, já que as versões do funcionário da empresa começam a mudar durante as investigações e tornam difícil decifrar o que é real e o que é produto da fértil imaginação de Whitacre.