Nos dias seguintes à novela de Britney Spears ter chegado a seu ápice em 3 de janeiro, com a cantora sendo retirada de sua casa em uma maca, escoltada pela polícia, as revistas de celebridades estouraram, os sites de fofoca ficaram congestionados, a audiência da TV especializada aumentou e os preços de fotos de paparazzi subiram.
Para um número cada vez maior de pessoas e empresas, a saga de Britney – que na última quinta-feira, teve mais um capítulo decisivo com a segunda internação em uma instituição psiquiátrica – significa dinheiro: toda vez que ela se afunda numa nova maré baixa, o dinheiro corre solto. E hoje em dia, ninguém fica de fora da contenda.
Quando a disputa pela custódia dos filhos terminou com um plantão de três horas na frente da casa de Spears há três semanas, a polícia e os bombeiros foram obrigados a mostrar serviço. As emissoras de TV enviaram helicópteros, e âncoras da TV a cabo cobriram o drama em tempo real. A agência de notícias Associated Press tinha dois repórteres no local, com editores nos dois extremos do país atualizando a cobertura sete vezes durante a noite.
Fora do comum
Spears é apenas uma das muitas estrelas à frente da crescente e multibilionária indústria de notícias sobre celebridades. Mas a história dela, em particular, que traz uma surpresa a cada semana, tornou-se um setor bastante lucrativo por si só.
?Britney é a celebridade mais lucrativa no momento, e foi assim durante todo o ano passado?, diz François Navarre, fundador da agência de paparazzi X17.
Spears tornou-se um assunto fundamental de tablóides depois de pedir o divórcio de seu segundo marido, Kevin Federline, em novembro de 2006. Desde então, ela entrou e saiu de clínicas de reabilitação, raspou a cabeça, foi flagrada sem calcinha em público, presa depois de um acidente de carro e perdeu a custódia de seus filhos (e o direito de visitá-los).
?O produto ideal para a indústria dos tablóides é aquilo que é fora do comum, e Britney tem sido uma fonte contínua disso?, diz Dan Smith, reitor da Escola de Administração Kelley, na Universidade de Indiana.
103 edições, 54 capas
Numa época em que os gastos com propaganda na mídia tradicional têm diminuido, jornais de fofoca sobre celebridades como o Star, Us Weekly e In Touch Weekly estão crescendo. Isso ajudou as vendas de revistas em bancas a crescerem 1%, para US$ 2,39 bilhões, na primeira metade de 2007.
?O aumento pode ser quase que inteiramente atribuído ao crescimento das revistas de celebridades?, diz John Harrington, responsável pela consultoria Harrington Associates.
Festa dos paparazzi
E esse aumento da demanda para fotos de Spears tem levado a um boom para os fotógrafos. Navarro, da agência X17, disse que uma foto exclusiva da cantora pode ser vendida por cerca de US$ 10 mil nos Estados Unidos e gerar mais alguns milhares em direitos autorais. ?Ela é a celebridade mais cara no momento?, diz ele. ?Por Angelina Jolie, por exemplo, divida esse valor por dois ou três para calcular o preço.?
Para se ter uma idéia do contraste, uma foto de celebridade pode ser vendida em média por US$ 125 a US$ 700, de acordo com Scott Mc Kiernan, fundador da agência ZUMA Press.
Muitas dessas imagens se espalham pelos sites de fofoca sobre celebridades. Os sites fazem dinheiro direcionando os internautas para os anúncios em suas páginas, recebendo normalmente um valor fixo para cada mil visitas. Navarre diz que Spears congestiona o tráfego em seu site, X17online.com, mais do que qualquer outra celebridade.
?Durante o incidente da ambulância, o tráfego dobrou a cada hora?, disse ele, citando os dados de seu servidor.
A X17, dona da infame foto de Spears careca, tirada em fevereiro do ano passado, tem uma equipe de fotógrafos seguindo a cantora todo o tempo. ?Para nós, ela é a estrela número 1?, diz Navarre.
Estatísticas da televisão mostram que um incidente com Britney Spears também atrai espectadores para os principais programas de notícias sobre entretenimento.
Cotação
O comportamento da estrela também pode estar destruindo sua própria marca. Spears continua entre as celebridades mais reconhecidas, junto com Johnny Depp e Will Smith, de acordo com a Marketing Evaluations, a empresa que criou o ?Q Score?, um índice de pesquisa de opinião que mede a popularidade das celebridades. Mas ela não é muito querida. Seu ?Q Score? negativo está em 66. A média para as mulheres é 30.
Spears, que fazia propaganda para a Pepsi e agora não está à frente de nenhum produto importante, retira a maior parte de sua renda das vendas de música, incrementada por várias linhas de perfume e outros projetos. Mas até agora, as extravagâncias de Spears parecem não ter afetado seus ganhos pessoais, que estão em cerca de US$ 737 mil por mês.
?Um bom ator ou músico pode seguir adiante com muita coisa bizarra acontecendo nos bastidores, desde que produza algo em sua carreira principal?, diz Smith.
Parece que foi o que Spears fez, ganhando a aclamação da crítica pelo disco Blackout, seu primeiro álbum de estúdio nos últimos quatro anos. O disco chegou ao primeiro lugar em vendas, apesar de cair rapidamente. Sua faixa-título, ?Gimme More?, chegou ao terceiro lugar das 100 mais tocadas.
Agora que ela voltou ao drama dos bastidores, sua música ficou em segundo plano. E até certo ponto, a maioria dos especialistas em música concorda, o público já se cansou da história de Spears.
