Fernanda Souza foi quase a última a saber. Quando o diretor Jorge Fernando decidiu que ela seria a Mirna, de Alma Gêmea, acabou passando um recado através do namorado da moça, o assistente de direção de América, Leonardo Nogueira. Nervosa, a atriz perguntou quando deveria fazer seu teste. E levou outro susto com a resposta: não precisava de teste nenhum. "Lembro que passei um dia inteiro rindo e chorando", envergonha-se, fã assumida das tramas de Walcyr Carrasco.

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Mirna é atualmente uma das personagens de maior sucesso na novela  da seis. E para Fernanda, é a primeira vez que seu trabalho é reconhecido.

Ela, tímida, tenta desconversar, dividindo o sucesso com a direção, o texto e com as atuações de Emílio Orciollo Neto e Emiliano Queiroz – que fazem o irmão Crispim e o tio Bernardo – e até com a pata Doralice. "Fico feliz em ser um trabalho bem-feito, mas não construí a personagem sozinha", escapole. De fato, estar no núcleo caipira de uma novela de Walcyr Carrasco é meio caminho andado para chamar a atenção. Mas a Mirna desenvolvida por Fernanda também tem lá seus méritos. "Ela tem um quê de desenho animado", tenta explicar.

 O que a atriz mais gosta nessa sua segunda personagem de época – a primeira foi Dulce do Amaral em Um Só Coração – é o fato de ela não ser tão simples de fazer, pois é humanizada. "Ela tem atitude de ir lá conquistar, mas ao mesmo tempo ela tem muita meiguice no olhar", descreve.

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Mas as situações em que Mirna mostra seu desespero para casar são as que mais geram situações de humor – a personagem tem sempre de se arriscar com novos namorados, já que o ciumento irmão costuma jogá-los todos no chiqueiro. Agora, aparentemente, conseguiu emplacar um: o Jorge, vivido por Marcelo Faria – que diplomaticamente primeiro se aproximou de Crispim para só então namorar a moça. A atriz tem ainda uma tática para despertar a simpatia de quem assiste à novela: carregar as tintas na ingenuidade. "Quanto mais ingênua, mais as pessoas vão torcer por ela", acredita.

 Apesar dos 21 anos – é uma recém-saída da adolescência -, Fernanda tem experiência para começar a tecer suas próprias teorias. Ela começou na carreira aos cinco anos, com comerciais para tevê. Após participar de um Você Decide, em 1994, foi chamada para Retrato de Mulher, onde interpretou Jaqueline, filha de Regina Duarte em um dos episódios da série.

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Depois se arriscou como apresentadora do X-Tudo, na TV Cultura. "Eu tinha de entrevistar pessoas e isso me fez ficar mais desinibida", relembra. No mesmo período, fez a novela Razão de Viver, no SBT – onde, exatamente, conheceu o diretor Fernando Rancoletta, que a convidou para ser a Milli de Chiquititas, do SBT. "A Milli foi um divisor de águas na minha carreira", afirma.

Como Chiquititas era gravada na Argentina, a atriz ficou quase dois anos morando fora do Brasil. E apesar do grande sucesso, Fernanda decidiu sair da trama. "A personagem estava tomando uma proporção que eu poderia marcar minha carreira para sempre", justifica. Não teve muita chance de ficar parada. Logo foi chamada pela Globo para fazer a Joana de Andando nas Nuvens e depois uma participação de 10 capítulos em Malhação – mas o que duraria duas semanas se transformou em um trabalho de dois anos e meio.