‘A Dama do Mar’ estreia no Sesc Santos

“Para ser honesto, sempre achei Ibsen um pouco chato”, confessou o diretor Robert Wilson. Mais uma vez no Brasil, o norte-americano dirige agora uma montagem de A Dama do Mar, texto clássico do norueguês Henrik Ibsen.

Em conversa com jornalistas, logo após apresentar um ensaio do espetáculo que estreia nesta quinta-feira no Sesc Santos e chega a São Paulo no dia 25, o renomado encenador não falou o que se espera ouvir daquele que o New York Times definiu como “uma imponente figura do teatro experimental”. Aparentemente, quando se trata de discutir seu trabalho, as explicações de Wilson nunca correspondem exatamente ao senso comum.

Não louvou o autor que escolheu: “Ibsen está sempre explicando tudo”. Disse que recorre ao humor em textos de fundo dramático simplesmente porque “quem não vê graça nas coisas não pode fazer teatro. E não há porque montar uma tragédia como tragédia”. Também explicou sua relação recente com o Brasil em termos bem diretos: “Quantas obras apresentei aqui no ano passado? Foram quatro? Então, quatro é um bom número. E eu ainda continuo aqui”.

Continua. Mas, desta vez, faz diferente. Ao invés de trazer uma produção estrangeira, como nas outras ocasiões, criou agora uma montagem local, escalando atores brasileiros. A seleção do elenco aconteceu no começo de 2013. Ligia Cortez, Ondina Clais Castilho, Luis Damasceno, Hélio Cícero e Bete Coelho foram os seus eleitos.

Mas ninguém entendeu exatamente como ele chegou a esses nomes fazendo audições que duraram e pediram tão pouco. “Primeiro, um ator tem que completar o outro. Depois, quero saber se ele sabe ficar parado em cima do palco. É fácil ele ficar se movimentando para lá e para cá. Quero saber se consegue manter a atenção do espectador se estiver imóvel há dez minutos. Procuro perceber coisas simples: como ele fica de pé, como anda, como é o som da sua voz.”

Todos esses atributos que Wilson exige dos intérpretes – aparentemente muito simples – são essenciais para seu teatro. Obras que rejeitam o naturalismo e tentam ser formalistas ao extremo. “O jeito como um ator fala em cena não é como ele fala normalmente. A sua maneira de sentar não é a mesma de quem senta em um ônibus. É um outro tempo.”

O “outro tempo” do diretor é perceptível em A Dama do Mar. Ibsen pode não ser o dramaturgo da sua predileção. Mas neste texto é suficientemente “estranho” para agradar Wilson. “Como colocar uma sereia em cena? Ninguém sabe.” Foi a escritora norte-americana Susan Sontag quem escreveu essa adaptação para o encenador. “Ela conhecia tudo o que eu fiz. Viu algumas das minhas peças mais de 15 vezes”, conta ele. “Me sugeriu que eu fizesse Ibsen e escreveu essa versão para mim.”

A DAMA DO MAR – Sesc Santos. Rua Conselheiro Ribas, 136, Santos (13) 3279-9800. Nesta quinta e amanhã, às 21 h. R$ 8/ R$ 32.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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