A José Olympio Editora reúne em um só volume os ensaios Cultura Posta em Questão e Vanguarda e Subdesenvolvimento, de Ferreira Gullar. Em Cultura…, escrito durante sua militância universitária, o poeta defende uma atividade artística engajada, razão de seu affair com os concretistas. Mas, segundo ele próprio, Vanguarda… já é um “ensaio mais refletido, elaborado e fundamentado. Ao contrário do primeiro, que condenava em bloco toda a manifestação artística não-engajada, este reconhece a autonomia relativa da expressão estética e aponta o vanguardismo como principal ameaça a uma arte efetivamente brasileira.”
Pela Editora Senac São Paulo, chega às livrarias Cultura Pública – A Organização Política do Sonho, de Jorge da Cunha Lima, atual presidente da Fundação Padre Anchieta e ex-secretário da Cultura de São Paulo. O livro é uma coletânea com 77 textos nos quais está no centro dos debates a questão da cultura pública, com seus dilemas e aspirações. São artigos que abordam temas como democracia, socialismo, reforma urbana, o impasse na rede Cultura, o governo FHC, entre outros, que discorrem sobre a questão da cidadania, da cultura e da educação.
Além disso, sempre no vasto território da cultura, comparecem Antônio Cândido (numa entrevista nunca publicada em livro), Paulo Emílio Sales Gomes, Elis Regina, Oswald de Andrade, Samuel Wainer, Cláudio Abramo, Franco Montoro, Tancredo Neves, Fernando Henrique Cardoso, Gláuber Rocha e muitos outros que ajudaram a traçar os rumos da vida cultural do País no século XX, com projeção no XXI.
O ensaio Cidade e Cultura – Esfera Pública e Transformação Urbana (Editora Estação Liberdade, 120 páginas), reúne artigos de Bárbara Freitag-Rouanet, Cláudia Büttner, Laymert Garcia dos Santos, Nicolau Sevcenko, Oskar Negt, Otília Beatriz Fiori Arantes, Vera M. Pallamin e Walter Prigge. Com um enfoque multidisciplinar, eles analisam a relação cultura e cidade e, embora com divergências, apontam a necessidade de intervenção imediata por parte da sociedade.
Se há uma “comum sensação de mal-estar diante do incontestável estado de morbidez das cidades”, segundo a coordenadora do seminário, Marina Ludemann, restam ainda importantes iniciativas culturais, tais como as manifestações de arte pública em Berlim e em São Paulo, apresentadas em alguns dos textos aqui reunidos.
Já a Editora Bertrand Brasil apresenta A Condição Urbana – Ensaios de Geopolítica da Cidade, em que o professor e doutor Paulo César da Costa Gomes defende a concepção de cidade como a conjugação de uma certa estrutura social como uma forma física precisa. Uma não pode existir nem pode ser compreendida sem a outra, e, portanto, o exame das dinâmicas urbanas deve necessariamente se voltar também para o arranjo físico ou, em outras palavras, para a dimensão geográfica desses fenômenos.
O autor procura, em primeiro lugar, construir categorias gerais que exprimem formas de conceber o espaço, o nomoespaço e o genoespaço. A partir daí, ele examina, em vários casos, como essas categorias podem ajudar a refletir sobre a idéia de direitos e deveres, e de como essa idéia se materializa em formas físicas e comportamentais em diversos momentos e locais da vida urbana.
E, com coordenação da historiadora Mary del Priore, a Editora Campus lança o estudo História Cultural – Uma nova visão sobre a sociedade e a cultura, do professor Francisco Falcon. Além de uma análise de história e cultura, o autor defende que História Cultural não é disciplina nem abordagem, mas um movimento de descoberta e incorporação de uma variedade quase ilimitada de objetos e abordagens descritos ou rotulados de novos ou esquecidos.
Essas obras revelam uma atenção do mercado editorial para temas de estudo, pois mesmo as editoras não-universitárias estão atuantes. Na 17.” Bienal Internacional do Livro em São Paulo, no mês passado, a Associação Brasileira das Editoras Universitárias, em parceria com a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, surpreendeu-se com os resultados comerciais verificados no evento: do total de 700 mil livros vendidos, 35 mil eram das 59 editoras que integraram o estande da entidade. Para o presidente da Abeu, José Castilho Marques Neto, a participação em 5% do total de negócios fechados superou em cerca de 20% as expectativas e as vendas realizadas nas duas últimas edições da bienal. E, ao todo, as editoras universitárias lançaram 226 novos títulos nas mais variadas áreas do conhecimento, mais do que 13% do total de 1.700 lançamentos de todas as editoras participantes da bienal.