A crueldade da Revolução Federalista e sua relação com o Paraná

A história do Paraná ganha novas versões, principalmente nas relações de violência e nos trâmites políticos. O professor do Cefet, em Pato Branco, Rafael Augustus Sêga acaba de lançar o livro ?Tempos Belicosos?, que apresenta um precioso resgate de detalhes não conhecidos sobre a Revolução Farroupilha no Paraná e a rearticulação da vida político-administrativa do Estado entre 1989 e 1907. Fruto de uma pesquisa de quatro anos, apoiada pela Atlas Eletrodomésticos, acompanhada pelo presidente do Conselho de Administração da Empresa, Cláudio Petrycoski, ?Tempos Belicosos? surpreende pelos detalhes sobre o tropeirismo e descreve, de maneira bastante real, brutalidades da época, como a degola humana bastante usual pela praticidade e economia aos executores. Em 1893, segundo Sêga, a força governista dominada por Joca Tavares sofreu significativa e brutal baixa: na noite do dia 24, cerca de 300 dos 1000 prisioneiros. O episódio gerou novas crueldades. O general castilhistas, Firmino de Paula, vingou-se exterminando quase número igual de maragatos em Boi Preto, em abril de 1894.

Na degola, aponta o livro, a lâmina, para ?fazer um bom trabalho? percorria a região do pescoço de ?orelha a orelha?, prova de que em tempos de guerra valia tudo. Inclusive trata da execução do Barão de Serro Azul que, fracassada a Revolução Federalista no Paraná, foi tido como monarquista e colaborador dos gaúchos, sendo julgado e executado, quando, na verdade, realizou uma negociação para proteger uma cidade sitiada e sem amparo militar, salvando vidas de uma nova carnificina.

?O Paraná tinha um grande envolvimento cultural com o Rio Grande do Sul pelo comércio das tropas e a Revolução Federalista revela uma posição política desses setores políticos alinhados aos gaúchos, algo inédito em nossa literatura?, detalha o escritor ressaltando que estudou  a participação do Barão do Cerro Azul na Revolução. ?Foi uma pessoa corajosa em negociar e não deixar uma cidade entrar no conflito. Com a vitória legalista Vicente Machado aproveitou a oportunidade para taxa-lo como traidor, o que de fato não ocorreu. Barão do Cerro Azul era uma pessoa além do seu tempo. ?

O curitibano Sêga graduou-se em história e teve este trabalha como fruto de uma tese de doutorado. A narrativa se baseia em fontes primárias, jornais de época e vasta bibliografia, com cerca de 200 livros, adquirida ao longo do tempo. ?Procurei retratar a intensidade da violência e sua marca registrada: a degola?, conclui agradecendo a Cláudio Petrycoski que foi sensível a pesquisa, não medindo esforços para a concretização do projeto do livro reproduzido pela Editora Cefet PR e pela Casa Editorial Aos Quatro Ventos.

O presidente do Conselho Administrativo da Atlas Eletrodomésticos, Cláudio Petrycoski diz que chamou atenção o tema. Conteúdos que serão úteis para a história paranaense. ?Valeu a pena, pois é um belo trabalho e uma correção da história que deve ser apoiada, sempre quando alguém tem este tipo de iniciativa, inclusive pesquisas sobre a postura do Barão do Cerro Azul, um político, um empresário e um líder exemplar, injustiçado durante uma fase militar.?

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