Anteriormente já nos referimos, com certa ênfase, até, às dificuldades que o especialista encontra para atuar na ?elaboração da política?; dissemos que são inerentes à própria ciência com que trabalham, o que está regiamente demonstrado pelos notáveis sociólogos R.M. Maciver e Charles H. Page, que ainda reforçam: ?Os fenômenos que se examinam, no estudo da sociedade, não são, em sua maior parte, coisas externas e tangíveis, que possam ser diretamente identificados pelos sentidos?.
Deve-se observar que ?a imponderabilidade? de grande parte dos ?fenômenos sociais? não os impossibilita de apreciação científica. O chefe da Escola Sociológica Francesa e criador da pesquisa social, Emílio Durkheim, frisou claramente que ?os fatos sociais devem ser tratados como coisas?, ou seja, com objetividade plena; para isto, criou ?As regras do método sociológico?.
A caracterização de um fato social como um fato político dá indícios da possibilidade prática da ciência política. Esses caracteres marcantes, conforme Michel Lebrun, em O fato político, são os seguintes: 1) Intervenção, um esforço para modificar uma estrutura; 2) Apelo à força material, possível aos grupos que aspiram ao poder; 3) Consciência, que indivíduos e grupos políticos têm de suas ações.
Intervenção, força material e consciência, vocábulos de forma e conteúdo políticos, mas o destaque está gravado no poder, objeto direto da ciência política, palavras de autoridade, segundo Maurice Duverger. ?Em definitivo, só a definição ampla da ciência política pode ser aceita?, afirma o mestre e politicólogo francês. E completa: ?É a ciência do poder sob todas as suas formas?.
Dificuldades existem. Entretanto, não são insolúveis. Pode-se deduzir de estudos dos tratadistas e professores referidos nesta série de artigos.
Pedro Henrique Osório é professor universitário.