A colaboração do cientista político na elaboração da política, segundo o professor Meunaud, se limita a dois momentos da mesma atuação: 1) sugerir medidas adequadas; 2) prever os resultados, firmemente.
Entretanto, ao levar em conta as características da ciência que professa e do objeto a trabalhar, manifesta alguma desconfiança como, por exemplo, ao considerar a previsão, no caso, como uma espécie de adivinhação. Atribui, isto, ao grande público e, também, ao político, na maioria das vezes. E qualifica: Haverá uma terceira guerra mundial? Ou, como agirão os russos?
Torna-se muito difícil ao especialista sugerir respostas a estes tipos de questões, mas se não sabemos como terminará a guerra do Iraque, podemos ter dados concretos de como terminou a do Vietnã. Desta forma, ?a única previsão que o especialista pode tentar, agindo como tal, é do tipo então…: se certos antecedentes existem, ou ocorrem, então tais conseqüências sobreviverão, com maior ou menor probabilidade?, alerta o professor Meunaud.
Embora já se tenham relacionado os problemas da previsão científica na elaboração da política, é bom que se reforcem as desconfianças de Meunaud, professor das Universidades de Lausanne e Genebra, com os pareceres – de monta -, dos sociólogos e professores norte-americanos R.M. Maciver e Charles H. Page. Vejamos: Não podemos ver ou tocar as relações ou organizações sociais. Não se podem palpar as instituições, nem os costumes se podem pesar em uma balança. Nem tampouco podemos aplicar a estes fenômenos um microscópio ou um espectroscópio ou qualquer outro instrumento que sirva para ajudar os nossos sentidos. Não podemos isolá-los em um laboratório. Nosso laboratório há de ser, necessariamente, o mundo da vida cotidiana, que é o que devemos estudar. E é precisamente neste mundo dos acontecimentos humanos em que haveremos de levar a cabo nossas investigações em sociologia. Então?
Pedro Henrique Osório é professor universitário.
