Não há nenhum poder mais assediado por amigos do alheio que o político, por ser de topo, em qualquer sociedade ocidental. Da plenitude do seu exercício, depende o nível da organização social, o desempenho da população e a categoria da cidadania. Além disso, está ali, no coração do Estado, da sociedade que, nos séculos, é a mais perfeita e que, por ele, irriga todas as suas células. Daí a cobiça de várias cores; de longe, de perto, de frente, pelas costas e pelos lados chega a avidez para se locupletar. Aí, se o poder se nubla, os privilégios jorram! E daí? Problemas (…).
As conseqüências do poder assediado avidamente ou, até mesmo, brandamente ou com alguma cautela, se marcam pelo desequilíbrio social, por descontentamentos, por imitações desmandadas, por perturbações das comunidades, por reclamações, por níveis diversos de desorganização da sociedade, enfim.
Tumultuada, a ação política se vê na iminência de resguardar a sua casa; volta-se para o centro do poder. Em posição de defesa, o desempenho funcional do Estado se tolhe; a base da confluência para o preço.
As funções do Estado conforme ?as concepções dos homens do que deveriam ser? na asserção de Leslie Lipson, indicam excelência e retorno: os efeitos positivos no topo voltam às bases, quer dizer, cidadãos satisfeitos, Estado reforçado!
Esta relação, deduzível do notório saber político de Jean Meynaud e Leslie Lipson, por si só, alicerçaria uma escola de política notável.
Sem querer tanto ou ir tão longe, essa escola já existe: são os cursos universitários em que a ciência política conste do currículo mínimo. Basta implementá-los formativamente. Auxiliados pela disciplina de lógica, os universitários não se negariam (já que sabem) a prestar serviço, de tanta relevância, às suas comunidades. Dissolvendo restrições sociopsíquicas e sofismas, destes barrando a frutificação, certos estariam fortalecendo e equipando a cidadania.
Pedro Henrique Osório é professor universitário.