Ao dizer que boa parte destes esforços de inserção na vida política (refere-se ao setor de assistência técnica das Nações Unidas) ?não foram uniformemente bem-sucedidos?, o sábio Jean Meynaud não nega que estes esforços devam perdurar. E segue: ?E principalmente porque se o especialista em ciência política não for perfeitamente capaz de desempenhar as funções que lhe são atribuídas, é geralmente aquele que mais preparado está para isso.
E se ele se recusar, outros que não terão necessariamente seus conhecimentos e seu saber não se farão de rogados para ocupar a vaga…?
Não resta dúvida e, por mais ingênuos que fôssemos, não haveríamos de negar as muitas e grandes dificuldades que existem, e subsistem, na aplicação direta dos conhecimentos científicos à solução de problemas na atividade da vida política. Os chamados à participação neste terreno de areias movediças se colocam na dependência daqueles que, sobre esses montes, estão sentados.
Aliás, solicitar a cientistas e professores de ciência política para auxiliar no exercício da política implicaria, de imediato, num intento de acerto; por conseguinte, de valoração. Mais fácil seria chamá-los ao auxílio à chegada ao poder. A exemplo, diz o professor Meynaud: ?Na Califórnia existem diversas organizações especializadas que se dedicam inteiramente a organizar uma eleição, de acordo com as disponibilidades orçamentárias. Para elas, trata-se simplesmente de vender tal candidato ao público?. Toma cá, dá lá! E a comunidade?
Afinal de contas, as dificuldades e problemas que se encontram na aplicação das ciências sociais na solução de problemas pertinentes às suas áreas de interesse são intransponíveis? Caso se opte por uma resposta afirmativa, a dúvida se tira com outra pergunta: Por qual razão os governos criam disciplinas e cursos de tal natureza? Apenas para esbanjar? Ou para iludir? Como? Nesta era pragmática?
Pedro Henrique Osório é professor universitário.
