A batalha oficialmente começou na terça, 1.º, quando terminou o prazo para inscrição ao Oscar de melhor filme estrangeiro – agora denominado pela Academia como melhor longa-metragem internacional. Com isso, o representante brasileiro, A Vida Invisível, de Karim Aïnouz, está oficialmente na luta – e com grande chance. Além da chancela recebida no Festival de Cannes, em maio, quando conquistou o segundo principal prêmio, Un Certain Regard, o longa produzido pela RT Features tem uma importante aliada na campanha americana: a Amazon, gigantesca plataforma de streaming.
“O primeiro passo foi antecipar de janeiro para dezembro a estreia do longa em dois grandes mercados americanos”, conta o produtor Rodrigo Teixeira, da RT, referindo-se a Nova York e Los Angeles. “Teremos ações nessas cidades, além de Londres e Paris, onde há também muitos votantes.”
Na verdade, a campanha é praticamente mundial, pois há eleitores em vários países, inclusive no Brasil. “Espero ter aqui ao menos um apoio da comunidade artística”, comenta Teixeira, que descobriu uma pedra no caminho tão logo A Vida Invisível foi o longa escolhido para representar o Brasil, em agosto: no dia seguinte ao do anúncio, recebeu um comunicado da Ancine informando que a agência não poderia contribuir para a campanha internacional, como era hábito. Com isso, ele deixou de contar com R$ 200 mil.
“Na verdade, eu já não contava com esse aporte”, confessa Teixeira, que concentrou esforços no apoio acertado com a Amazon. “Os executivos da plataforma ficaram empolgados com a delicadeza do filme e decidiram organizar uma campanha parruda.”
Ainda que não fale em valores, Teixeira deixa escapar que as cifras investidas deverão se aproximar dos seis dígitos. O necessário para cumprir um organograma que inclui, além do lançamento do filme no final de dezembro em Los Angeles e Nova York, anúncios publicitários em mídia especializada (como a revista Variety), participação em festivais que, embora não tão conhecidos, foram o circuito especial para o Oscar e, principalmente, sessões especiais para os votantes da Academia.
“É nesse momento que o contato com o eleitor é direto, portanto, é organizada uma apresentação especial”, conta Teixeira, que vai decidir com a Amazon quem serão os apresentadores do filme nas sessões de Nova York e Los Angeles. “Penso em convidar James Gray (diretor de Ad Astra) e até Martin Scorsese, caso ele não esteja ocupado demais com seu novo trabalho, The Irishman.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.