Aos céticos, que duvidam da possibilidade de se realizar um ambicioso desejo profissional, a atriz Clara Verdier responde com trabalho – e fatos. Afinal, na manhã desta segunda-feira, 10, a intérprete brasileira foi oficialmente anunciada, em Londres, como uma das protagonistas da turnê internacional do musical O Fantasma da Ópera. Com isso, ela viaja no dia 2 de janeiro para as Filipinas onde poderá se apresentar, a partir de fevereiro, como Christine, o papel que sempre ambicionou interpretar.

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“Ficaremos cerca de um mês em cada país”, contou ela ao jornal O Estado de S. Paulo, revelando que a temporada se estenderá por países como Cingapura, Kuala Lumpur, Israel e Emirados Árabes Unidos, entre outros, até terminar na Coreia do Sul. Para tanto, Clara assinou um contrato com validade de um ano e meio.

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Foi uma longa trajetória até conquistar o papel que deseja desde seus 11 anos de idade, quando assistiu pela primeira vez ao Fantasma, na Broadway. “Quando vi, sabia que, em algum momento da minha vida, eu seria Christine”, conta ela, que se prepara com mais afinco há três anos.

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Durante a temporada nacional de Les Misérables, no ano passado, quando assumiu o papel de Cosette, Clara aproveitava os longos intervalos entre uma cena e outra para exercitar o canto – e justamente com canções do Fantasma. A produção brasileira de Les Mis foi tão bem sucedida que cinco de seus atores foram convidados para integrar a montagem mexicana, que estreou neste ano.

Entre eles, estava Clara, que se sentiu dividida. Afinal, era a rara oportunidade de trabalhar no exterior, mas, ao mesmo tempo, era quase certa a confirmação de uma nova versão do Fantasma no Brasil – o musical fez um estrondoso sucesso quando estreou em 2005, permanecendo quase dois anos em cartaz. “Acabei aceitando o conselho da produtora Renata Alvim e fui para o México, decisão, aliás, da qual não me arrependi”, relembra Clara, que ainda passaria por novas provações. Afinal, seu tão desejado musical foi confirmado quando fazia um mês que ela estava na Cidade do México. “Recebi um pedido de currículo da Marcela Altberg (produtora de elencos) e decidi gravar um vídeo com canções, mesmo tendo passado por um dia cansativo, com 10 horas de ensaio.”

Clara conta que quase enfartou ao descobrir que tinha sido aceita para o papel, mas teve de recusar, pois os ensaios começavam em junho passado, quando ainda não tinha cumprido nem a metade da temporada mexicana no Les Mis, no qual já colecionava elogios. Não seria justo com os produtores locais e, além disso, poderia arranhar sua reputação. Afinal, apesar do temor inicial, Clara se acostumava aos poucos com a nova rotina, descobrindo os segredos e, principalmente, as vantagens mexicanas.

Aos 29 anos, ela reúne atributos ao longo da vida que a preparam para enfrentar desafios. “Aprendi a não ter medo do desconhecido”, conta a atriz, que só ganhou a permissão paterna para seguir o caminho artístico depois de se graduar em administração na FGV, formação reforçada com a habilidade de falar em cinco idiomas. Agora, passados dez anos de carreira, é uma atriz preparada e decidida.

Vídeo decisivo

Tanto que, em junho passado, em uma rápida visita ao Brasil, Clara pediu para fazer uma apresentação especial a produtores americanos: o diretor associado Arthur Massella e o supervisor musical Guy Simpson. “Cantei quase todo o repertório de Christine. Em seguida, Arthur me perguntou se eu sabia as letras em inglês. Como respondi afirmativamente, foi gravado um vídeo.” Um mês depois, Clara foi convidada para participar das audições para a turnê internacional. Era a chance que tanto ambicionava.

Em Nova York, participou dos testes e foi aprovada. Se aquele momento já marcaria sua vida para sempre, Clara lembra que emoção mesmo sentiu ao provar o figurino. “Não consegui segurar o choro. Foi muito forte.” A atriz despediu-se do Les Mis mexicano no último dia 2, viajando em seguida para São Paulo, onde fica até rumar para as Filipinas. “Meu desafio é mostrar o talento de artistas latinos”, diz ela, em meio a um elenco formado quase na totalidade por americanos. “Como diz o Tiago Barbosa, hoje na Espanha com O Rei Leão, a gente carrega a bandeira brasileira.”

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.