Tato, olfato, audição, paladar e visão. Os cinco sentidos são convocados na exposição Poética da percepção – questões da fenomenologia na arte brasileira, que será aberta no dia 2 de setembro no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba. As obras em exposição sempre associam os sentidos.

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Quem, por algum tipo de limitação, não puder ver, vai poder tocar, cheirar, saborear, ouvir. O público-alvo da exposição não é apenas os portadores de deficientes visuais. Todos estão convidados a sentir e experimentar.

São 28 obras de artistas consagrados que estão em Poética da percepção. Gambiarra, de Amélia Toledo, é um dos destaques da exposição. A obra é composta por fios de nylon e conchas que, quanto tocados, produzem um som.

O bólide olfático, de Hélio Oiticica, leva a um passeio pelo olfato com um saco de café, remetendo à escuridão e ao aroma. No mundo não há mais lugar, da paranaense Eliane Prolik, traz esculturas comestíveis, como balas que se amoldam no céu da boca.

Divulgação
Obra de Hélio Oiticica leva a um passeio pelo olfato com um saco de café, remetendo à escuridão e ao aroma.
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O curador Paulo Herkenhoff explica que a arte brasileira tem ligações históricas e filosóficas com a fenomologia. Seria como se os fenômenos se apresentassem para os sentidos e, a partir daí, perceber como eles reagem. A exposição não deixa de lado a história da arte e a relação com a arte contemporânea.

“Inicialmente, a idéia da mostra era de acessibilidade para pessoas portadoras de necessidades especiais. Mas em nenhum momento se esqueceu da parte histórica, entre o século XIX e o XXI, passando por diversos movimentos da arte brasileira”, comenta. Mesmo com a intenção de atrair os deficientes, Herkenhoff lembra que “a arte não tem mais uma regência exclusiva pelo olhar”.

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Os artistas consagrados nacionalmente e internacionalmente dividem espaço com os artistas locais por onde a exposição passa. No caso de Curitiba, os contemplados são Tony Camargo, Cleverson Salvaro, Bernadete Amorim e Carina Weidler.

O Museu Oscar Niemeyer tomou as providências para garantir a acessibilidade dos portadores de necessidades especiais no local. A própria disposição da mostra também traz esta facilidade. Além disso, serão disponibilizados catálogos para deficientes visuais.

As mesas onde estão os objetos possuem rupturas e algumas alterações, para que os cegos consigam perceber a mudança de assunto. Também haverá placas com informações em braile.

A exposição Poética da Percepção permanece em Curitiba até 7 de dezembro. O Museu Oscar Niemeyer fica na Rua Marechal Hermes, 999, no Centro Cívico. O espaço fica aberto de terça a domingo, entre 10h e 18h. Ingressos a R$ 4 para adultos e R$ 2 para estudantes. Crianças até 12 anos e maiores de 60 anos não pagam. Informações no telefone (41) 3350-4400.