Velas, varinhas, ramos de ervas, incensos, cantigas, rimas e brincadeiras de roda. A Arte, de Dorothy Morrison, traz de volta aquele sentimento alegre das velhas feitiçarias que há muito tempo parecia estar extinto. A tradutora Marcia Frazão, experiente escritora e bruxa brasileira, conta que realizou uma verdadeira viagem no tempo ao entrar em contato com a obra de Dorothy Morrison. "Foi como estar outra vez na sala de minha avó Vitalina, tomando chá de hortelã com biscoitinhos de gengibre e mel junto às suas amigas bruxas, rindo e aprendendo a criar a arte dos antigos encantamentos", relata.
A Arte, palavra utilizada para designar a Wicca, derivada de um termo anglo-saxônico (wicce) que significa "aquele que é sábio", explica que a feitiçaria é uma religião e um estilo de vida que, diferente do que muitas vezes é mostrado em filmes e programas de televisão, nunca dará a seus adeptos a capacidade de transformar seus inimigos em grandes sapos verdes. Os feiticeiros, na verdade, são pessoas extremamente bondosas que mantêm uma forte conexão com a natureza e não têm nenhuma relação com grupos satanistas ou seitas da magia negra. Pelo contrário: o primeiro e único mandamento da Wicca consiste em jamais praticar o mal. Nas palavras da própria autora, a Arte "não é para aquelas pessoas que gostam de brigar ou de se bater contra o cristianismo. Ela não é para aqueles que costumam passar a perna nos outros para alcançar o sucesso. (…) Não tem nada a ver com caixas de mágica nem com vôos pelos ares ou com soltar faíscas pelas pontas dos dedos. (…) A Arte é receptiva, generosa e adorável. Ela é gentil, fácil e prestativa."
Dessa forma, o livro funciona como um inestimável manual de feitiçaria. Dorothy, através de conselhos baseados em sua experiência própria, faz com que o leitor entre em contato com os ensinamentos das antigas bruxas e descubra os principais fundamentos e encantamentos da Magia Natural. Os novos feiticeiros aprenderão a utilizar os instrumentos mágicos da Arte, o atame (uma faca de dois gumes deve ser usado apenas com propósitos ritualísticos e nunca deve entrar em contato com sangue), a varinha, a taça, o pentáculo, o caldeirão, a vassoura, o espelho negro, a meditação e serão instruídos a arrumar o altar, traçar o círculo, formar o poder e invocar divindades. A autora dá ainda destaque a um importante tópico que é muitas vezes deixado de lado em outras publicações sobre o assunto: a ética wiccaniana, totalmente baseada na vida e na felicidade.
O principal papel da obra é fazer com que as pessoas que já tiveram o primeiro contato com a Wicca através de produções de Hollywood, revistas e até mesmo outros livros, se aprofundem no estudo da feitiçaria. A partir de um texto claro e levíssimo, Dorothy Morrison defende com seriedade a verdadeira bruxaria e procura acabar com o preconceito que várias vezes ronda o tema. Com muito carinho e confiança, a autora faz de A Arte uma ótima e essencial leitura para todos aqueles que têm amor pela vida.
Sobre a autora
Dorothy Morrison, americana nascida no Texas em 1955, vive hoje no Maine, ao lado de sua família. Ela faz parte da Sociedade dos Poetas Pagãos e da Magic, uma organização de escritores e artistas de feitiçaria. É alta sacerdotisa wiccaniana da tradição goergiana e uma ávida praticante das Antigas Artes há mais de duas décadas. Fundou, em 1986, o Coven do Jardim de Cristal e por vários anos ensinou a Arte para alunos dos Estados Unidos e da Austrália. Hoje, além de escrever, realiza palestras e seminários.
Serviço
Livro: A Arte Lançamento: fevereiro de 2005.Tradução: Márcia Frazão. Preço: R$ 35,00. 250 páginas.