Aos 14 de setembro de 2005, recebi dois e-mails que me chamaram a
atenção. O primeiro, enviado por Antônio Sérgio Carneiro Ferraz, chefe
do NRE-Núcleo Regional de Ensino Área Metropolitana Norte, da
SEED/PR-Secretaria de Estado da Educação do Paraná.
Carneiro Ferraz, que repassou a mensagem, especifica que, nos
Estados Unidos, entre os adolescentes, circula o livro didático
Introdução à Geografia, de David Norman. Na página 76, o mapa do Brasil
está amputado, faltam Amazonas e o Pantanal. Os ianques estão
realizando uma lavagem cerebral, pois afirmam que estas áreas são
internacionais, ou seja, estão preparando a opinião pública, para
dentro de alguns anos se apoderarem de nosso território com
legitimidade.
No texto ao lado do mapa os estudantes lêem: ?Desde meados dos anos
80 a mais importante floresta do mundo passou a ser responsabilidade
dos Estados Unidos e das Nações Unidas. É chamada PRINFA (Primeira
Reserva Internacional da Floresta Amazônica), e sua fundação se deu
pelo fato de a Amazônia estar localizada na América do Sul, uma das
regiões mais pobres do mundo e cercada por países irresponsáveis,
cruéis e autoritários. Fazia parte de oito países diferentes e
estranhos, os quais, em sua maioria, são reinos da violência, do
tráfego de drogas, da ignorância, e de um povo sem inteligência e
primitivo. A criação da PRINFA foi apoiada por todas as nações do G-23
e foi realmente uma missão especial para nosso país e um presente para
o mundo todo visto que a posse destas terras tão valiosas nas mãos de
povos e países tão primitivos condenaria os pulmões do mundo ao
desaparecimento e à total destruição em poucos anos?.
Já no texto à direita da borboleta é lido: ?Podemos considerar que
esta área tem a maior biodiversidade do planeta, com uma grande
quantidade de espécimes de todos os tipos de animais e vegetais. O
valor desta área é incalculável, mas o planeta pode estar certo de que
os Estados Unidos não permitirão que estes países Latinos Americanos
explorem e destruam esta verdadeira propriedade de toda a humanidade.
PRINFA é como um parque internacional, com severas regras para
exploração?.
Plínio Robson Panse relata: ?Isso explica a ?Operação Colômbia?, as
tropas americanas (80 mil) homens! No Suriname, a apropriação da base
aérea (da FAB) de lançamentos de Alcântara, a intenção dos Estados
Unidos de colocar um escritório da CIA na tríplice fronteira (Foz do
Iguaçu), e a implementação de DUAS bases militares na Argentina, uma na
Patagônia e outra próxima a Buenos Aires. Ou seja, a Amazônia está
CERCADA, sitiada por forças americanas, que garantirão a posse da
região a qualquer hora dessas?.
No segundo e-mail, Jair Anderle (antigo conhecido) compara os
deputados ingleses com os deputados brasileiros, conforme explicitado
no quadro.
Considerações
Os dois relatos comprovam o desrespeito para com os brasileiros. De um
lado os homens do poder dos Estados Unidos, atentos ao desinteresse dos
brasileiros por suas áreas de preservação, estão, sem pedir licença,
invadindo nosso território e ainda nos chamam de imbecis. Do outro lado
estão os políticos que nada fazem, só vivem para as mordomias. Além de
serem os precursores da maior crise política (mensalões, bingos,
correios, etc.) da história do Brasil, também zombam do povo brasileiro.
Há quem diga que a invasão dos Estados Unidos no espaço geográfico
brasileiro é um acordo silencioso com a elite política brasileira.
Acorda Brasil!
Jorge Antonio de Queiroz e Silva é pesquisador, historiador, professor. Membro do Instituto Histórico e Geográfico do Paraná.
queirozhistoria@terra.com.br