1 – Os filhos do sol nascente vieram para os campos do ocidente mas o sol já estava no poente. E eles voltam ao futuro. Ao oriente, onde recomeça, a madrugada: a esperança da madrugada. Banzai!
2 – De onde vêm os Japs? Do sul da China? Do Império do Meio? Do Sudeste d?Ásia? Das espumas do Pacífico? Não sabem d?onde vêm – certamente sabem para onde vão…
3 – No dia 18 de junho de 1908, o “Kasato Maru” deixou 799 pioneiros no porto de Santos. Desceram em nossas terras carregando bandeiras verde-amareladas de seda. Eram ordeiros. Tinham dois mil anos de cultura nas costas.
4 – Bem mais tarde, vieram os “Cotia-Seinem”, jovens que seriam responsáveis pelo aumento da produtividade de parte de nossa agricultura. Depois vieram as multinacionais. Nisseis, sanseis, yonseis, gonseis, eles estão aí. Eles trabalham!
5 – O confucionismo transformou o Japão numa nação unida.
6 – Com o Japão, o capitalismo deixa de ser monocromático. A livre competição não conta. O que soma é colaboração. Ninguém muda de emprego. As propostas vêm da base. A direção decide.
7 – O Fuji: a 3.776 metros de altura, vulcão de forma cônica hoje apagado, mas de cujas entranhas infernais saltavam toneladas de lavas ferventes – quentes como as ripas do demônio; atração e inspiração espiritual para poetas e malditinhos.
8 – Os templos budistas de Keuchoji, principal dos grandes zens guarda as portas da China e o Pavilhão Relicário. O Engo-Kuji: local de meditação. O Festival do templo Ryuk-Ji, com as ruas coloridas pelas bandeirolas pirotécnicas. Luz na noite – na grande esperança da noite…
9 – A grande imagem de Mirokubosatsu, do lado oriental do templo budista Koriji: diante dela há que arrojar a frente ao pó, em gesto de reverência humilde. Depois, o Kodama – o trem-bala. Banzai!
10 – Bairros de Tóquio muitas vezes não têm nome, nem número. Por isso não saiam de táxi – aliás, não andem de táxi, mas de metrô -sem um babilaque escrito em jap. Nem todos entendem idiomas ocidentais. A revista Tókio indica os espetáculos.
11 – O budismo atravessou as escarpas geladas da Índia e do Tibete, os desertos inclementes da China e chegou às ilhas nipônicas para conviver com o xintoismo, o confucionismo, o taoísmo. O xintoísmo domina os ritos iniciais e de passagem, o budismo disciplina a ética, a política e as armas. O budismo leva à metafísica.
12 – Os Sete Samurais: quem deles não se lembra: guerreiros assalariados do Shogun, que decidem defender os campônios ameaçados. Yojimbo: ele era um rato-samurai. Entrou no Palácio, foi servil. Mas um dia puxou da longa espada de guerra e cortou a cabeça do senhor. Quantos Yojimbos existirão? Samurais do povo! Os raios-laser substituem a espada do samurai.
13 – Osaka, porto de Nara, Kioto e Kobep: coração comercial do Japão – a plataforma para o terceiro milênio. Jardins de cerejeiras. Casa de chá do luar de agosto.
14 – Certos pratos da culinária japonesa são servidos de acordo com as estações do ano, uns no inverno, outros no verão. Meu preferido – o Sukiaki – só está completo quando servido com acelga, queijo de soja, cebolinha, espinafre, sakê!
15 – O velho trem: meio de transporte que os japoneses ressuscitaram e aperfeiçoaram. os trens-bala da Shinkansen, os trens expressos do tipo pendular que permitem grandes velocidades nas curvas. Resultado de 25 bilhões de dólares de investimentos em pesquisa. Dois bilhões de passageiros transportados. Sem um só acidente. Grande parte estatal. No futuro, o trem flutuante, eletromagnético. E o trem do ouro: Carajás-Nagoya. Madeira e minério! Ferro e cobre!
16 – Yoka: as horas vagas. Termina o trabalho e começa o sonho. Cerveja, uísque, peixeseco. A orquestra vazia do karaokê. Os pink-saloons escuros. Oito bilhões de litros de bebidas alcoólicas por ano. Yamashiro: a cidade do prazer. Oásis de sexo e pornografia. Mas ainda um grande parque de diversões. Símbolo nacional: o Pachinko, fliperama supereletrônico. Solidão e catarse na noite de Tóquio…
17 – Bashô. O último Hai-Kai: “Doente, de viagem/ Vagueiam-me os sonhos/ Pelos campos ressequidos…”
