O fechamento do Estúdio Ruth Rachou em 2015 não significou a despedida de um modelo que ensinava a dança moderna no Brasil desde 1972. A bailarina que completou 90 anos há duas semanas ganha uma mostra especial que começa hoje, 28, no Sesc Consolação. A programação traz uma aula magna, exibição de documentário sobre sua trajetória, oficinas e a recriação de espetáculos históricos da pioneira do estilo no Brasil.

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Ao falar com Ruth, é difícil saber por onde começar. Se o projeto de homenagem recebeu apoio do Fomento a Dança, selecionado em 2016, o novo formato do edital, dilapidado, impossibilitaria o estabelecimento de raízes, afirma bailarina, que recorda a “canetada” do então prefeito Jânio Quadros quando suspendeu as atividades do Balé do IV Centenário, em 1954. “Foi um berço importante para a formação de companhias e seus artistas, mas o prefeito não compreendia como poderíamos prosseguir de modo produtivo e decidiu parar com tudo. Havia estrangeiros que vieram especialmente para este período e que voltar para seus países porque perderam o emprego.”

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Os efeitos não foram de todo negativos. A televisão dava seus primeiros passos e tornou-se a grande aglutinadora de talentos da dança. Entre os anos 1950 e 1960, Ruth passou pela TV Record e TV Tupi, como coreógrafa, sendo premiada com o Troféu Roquete Pinto. O filho de Ruth, o bailarino Raul, explica que a geração de sua mãe não teria chances em programas atuais, como o do apresentador Faustão, na TV Globo. “A grade daquela época, reunia grandes nomes da música, do teatro e da dança. E os bailarinos não tinham essa obsessão estética com o corpo como é hoje.”

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A inquietação de Ruth, que mais tarde a fez introduzir a dança moderna no Brasil, foi concretizada em uma temporada em Nova York para aprender as técnicas da renomada coreógrafa Martha Graham. “A gente sentia que precisava de algo novo para além do clássico”, conta a bailarina que inaugurou a improvisação em seus trabalhos. “O meu desejo era ter uma companhia mesmo que isso custasse muito dinheiro. Dar aulas também era uma opção.”

Para Bernadete Figueiredo, autora da biografia de Ruth, a bailarina uniu uma geração de artistas em busca de novos caminhos na dança. “O estúdio serviu para abrigar bailarinos, coreógrafos e principalmente atores que vinham em toneladas aprimorar o trabalho corporal. Por ser tão novo, o clima era mais de um laboratório do que simplesmente aulas.”

RUTH RACHOU 90 ANOS

Sesc Consolação.

Rua Doutor Vila Nova, 245.

Tel.: 3234-3000. 28 a 31/8.

Vários horários. R$ 20 / R$ 10.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.