1 – TEMPO DO GOVERNO PAULO PIMENTEL

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A plaqueta impressa do convite de comemoração dos quarenta anos de atividades ininterruptas do corpo de baile do Teatro Guaíra (1969-2009) registra, logo na segunda página, que o grupo foi criado no Governo Paulo Pimentel, pela Secretaria de Educação e Cultura. A Professora Yara de Cunto era a diretora do Curso de Danças Clássicas, o superintendente era Octavio Ferreira do Amaral Neto e os primeiros bailarinos foram preparados pela professora Lorna Kay. Essa introdução é indispensável como crédito da sensibilidade de Paulo Cruz Pimentel, que foi um autêntico mecenas a prestigiar as mais variadas expressões da criação artística e literária. Ficaram na memória da cultura paranaense o famoso Concurso Nacional de Contos, a criação do Teatro de Comédia do Paraná, a continuação da obra do grande auditório do Teatro Guaíra (que a tragédia do incêndio não lhe permitiu inaugurar pessoalmente), e um grande número de projetos bem sucedidos, de modo que o ex-governador tem recebido, agora como cidadão comum, nas ruas e outros lugares públicos, a reverência popular de quem conhece ou soube de sua fecunda administração. Os artistas e os intelectuais estão à frente desse coro.

2 – A PRODUÇÃO E O LOCAL DO EVENTO

Ao contrário do que imaginaria o leitor, o aniversário desse notável corpo de baile não foi comemorado no local de seu nascimento e de sua frutuosa atividade. Um generoso espaço do Shopping Estação substituiu o palco e o auditório originais. A promoção não teria ocorrido não fosse o entusiasmo, a paixão e a esperança de Eleonora Greca e sua equipe. “Os navegadores da quarta dimensão”, como eu disse em pequeno discurso na ocasião. Foi muito percebida a ausência dos atuais administradoras do chamado Centro Cultural Teatro Guaíra ao evento de homenagem. Deve-se registrar, no entanto, a presença do vice-governador Orlando Pessuti, acompanhado da esposa, traduzindo a sua admiração pessoal ao corpo de baile e representando o governador Roberto Requião.

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3 – DIRETORES QUE FAZEM PARTE DA HISTÓRIA

A noite de reconhecimento e arte – a apresentação de um trecho do balé Romeu e Julieta, com música de Prokofiev – foi caracterizada pela alegria dos reencontros. Parafraseando às avessas o clássico de Marcel Proust (1871-1922), À la recherche du temps perdu, pode-se afirmar que os diretores, bailarinos e demais protagonistas do passado e do presente foram, na noite de 5 de agosto de 2009, em busca de um tempo que não se perdeu. Daí a lembrança dos primeiros diretores do corpo de baile: Yara de Cunto, Ceme Jambay, Yurek Shabelewski, Hugo Delavalle, Eric Valdo, Carlos Trincheiras, Jair Moraes, Marta Nejm, Cristina Purri, Suzana Braga e Carla Reinecke.

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4 – AS QUATRO DÉCADAS DE BAILARINOS

À semelhança de uma ata, com livro de presenças, o presente artigo tem o dever de registrar, uma por uma, um por um, quem foi e quem ainda é o intérprete gestual das emoções, das paixões, da vida e da morte, na história de uma das mais importantes companhias oficiais do país, graças ao indiscutível prestígio com montagens e turnês consagradas: o bailarino. É um ser humano composto de realidade e fantasia, alma vibrante em corpo ambulante.

4.1 – PRIMEIRA DÉCADA (1969-1979)

Adelina Mores Grossat, Aline Jambas, Ana Botafogo, Anna Maria Silva, Catarina Rocha Ygelman, Carla Reinecke, Ceci Chaves, Cynthia Vasconcellos, Débora Tadra, Deise Wor, Dora de Paula Soares, Eduardo Nunes, Eleonora Greca, Eliana Caminada, Eliana Nogoceke, Iara R. da Cruz, Izamara Bauer, Jacy Jambay, Jocy Feijó, Kátia Guiraud, Lia Comandulli, Maria Jacira Amaral, Miriam Braga, Patrícia Martin Slomo, Raquel Caetano, Renan Castellon, Rita de Cássia Correa, Rosairís Corra, Rosane Hauptl,i, Rosane Ruótulo, Roseli Pissaia, Silvia Anderjewski, Tânia Lupy, Tindaro Silvano, Ursula Ionen Aloma, Vera Cristina Maciel, Vergínia de Paula Soares, Wandylson Montenegro.

4.2 – SEGUNDA DÉCADA (1979-1989)

Adriane Trevisan, Andréa Carvalho, Angelita Faccioli, Ascanio Antonetti, Cássio Vitaliano, Cintia Nápoli, Cristina Rangel, Daniel Dutra, Daniela de Rossi, Daniela de Souza, Domingos Sávio Eduardo Laranjeira, Elaine Sobrinho, Geraldo Lachini, Goubert Oliveira, Grazianni Branco da Costa, Heloísa Almeida, Janson Damasceno, João Carlos Coronel, José Leandro Nascimento, Júlio Motta, Lilian Gheur, Jurandi Silva,Luiz Lombardi, Manoel Francisco Pinto Márcio Alves, Maria Eunice de Oliveira, Maria Inês Drumond, Mariângela Fabianne, Neury Gaio, Paula Righesso, Paulo Buarque, Pedro Pires, Regina Kotaka, Ricardo Garanhani, Rita Barretto, Roberto Lima, Rodrigo Galiano, Roosevelt C. Alfaro, Sandra Moreira, Sergio Oliveira, Soraya Felício, Tânia Fonseca, Vânia Kesikowski, Vera Kesikowski, Wanderley Lopes, Wanet Luna, Washington Teixeira.

4.3 – TERCEIRA DÉCADA (1989-1999)

Adriana Menegat, Ailton Galvão, Ary Coelho, Carla Moita, Carlos Cavalcante, Cleonise Barros, Gylian Dib, Heleno Moura, Ian Mickiewicz, Jorge Schneider, Juliana Figueredo, Márcia de Castro, Mônica Kukulka, Neno Meireles, Patrícia Sarda, Paulo Vigário, Pedro Zacarias, Rogério Halila, Rui Miguel, Sávio de Luna, Simone Bonamigo, Valéria Kesikowski.

4.4 – QUARTA DÉCADA (1999-2009)

Airton Rosa, Alaércio Leite, Alessandra Lange, Alex Cajé, Ana Paula Camargo, André Néri, Antero Cunha, Ariane Gonçalves, Camila Sélli, Carlos Matos, Clarissa Pimentel, Claudio Fontan, Daiane Camargo, Daniel Siqueira, David Caldas, Débora Leivas, Deborah Serra Chibiaque, Denise Rezende, Denise Siqueira, Diego da Cruz, Diego Mejía, Diego Porciúncula, Edson Hayser, Elaine Marcondes, Eloisa Mara, Emerson Matos, Eraldo Alves, Erickson Cordeiro, Everson Besbati, Fábio Valadão, Jaruam Xavier, Juliana Machado, Juliana Rodrigues, Juliane Engelhardt, Larissa Pansera, Leandro Vieira, Luciana Voloxki, Manuel Rodrigues Gomes Mariana de Paula, Mariana Rosário, Marina Cervo Teixeira, Nelson Tadeu Mello, Nina Monteiro, Pâmela Sobral, Patrícia Machado, Patrick Lorenzetti, Reinaldo dos Santos Pereira, Renata Bronze, Robson Schmoeller, Rodrigo Mello, Ronni Maciel, Rubem de Araújo, Samuel Kawalerski, Saulo Fujita, Sérgio Thomaz, Simone Bonish, Simone Camargo, Thayne Fernandes, Wody Santana.

5 – ENTUSIASMO E ARESISTÊNCIA NÃO MORREM

Tenho a convicção, pelo que conheci nos anos de minha gestão na Secretaria Estadual de Cultura (1987-1991) e pelo que assisti na noite de 1.º de agosto deste ano, que a resistência e o entusiasmo dos membros do corpo de baile do Teatro Guaíra, incluindo os técnicos e colaboradores, não fenecerão. Ao contrário, multiplicar-se-ão com a passagem dos anos e o aplauso permanente do espectador e da crítica. E assim ocorrerá porque os governos passam enquanto a arte permanece. Ninguém melhor, na história da humanidade, para falar em resistência do que o imortal Mahatma Gandhi (1869-1948): “Já é nobre defender o seu bem, a sua honra e a sua religião com a espada na mão. É mais nobre ainda procurar defendê-los sem fazer mal ao malfeitor. Mas é vil, antinatural e desonroso abandonar o próprio posto e, para salvar a pele, deixar o seu bem, a sua honra e a sua religião à mercê do malfeitor” (Cartas ao Ashram).

6 – LUZ DIVINA E A LUZ TERRENA

Para trilhar os rumos da resistência e do entusiasmo não basta a vontade e a força individual. Não são suficientes os apoios morais e a confiança em um público difuso. Também são insatisfatórios os recursos financeiros temporários. Para trabalhar com paixão e esperança é fundamental a solidariedade do grupo. Viver não preciso; dançar é preciso. Certamente Deus, que é a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas, iluminará o pensamento e a ação de todos os que continuarem juntos. E para mostrar o relevo, a linguagem e a beleza silenciosa das mãos e do resto do corpo na sublime interpretação da música, a iluminação do competente e sensível Beto Bruel fará o rest,o.

René Ariel Dotti. Advogado, ex-Secretário de Estado da Cultura do Paraná (1987-1991), membro da Academia Paranaense de Letras e Medalha do Mérito Legislativo da Câmara dos Deputados (2007), por proposta do Deputado Osmar Serraglio.