Um ano com poucas novidades. Essa foi a tônica em matéria de shows em 2008, em Curitiba. O período também deve ficar marcado pelo número de bandas e artistas consagrados – mas que já tiveram seu auge há muito tempo – que apareceram por aqui. Além disso, ao mesmo tempo em que a cidade ganhou um bom local para espetáculos, viu outro ser praticamente desativado.

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Uma das grandes decepções do ano foi a interdição parcial, pela Justiça, da Pedreira Paulo Leminski. O problema se arrastou durante o ano, graças a uma ação do Ministério Público, que atendeu a pedidos de moradores da região. O último show no local foi da banda de pagode Inimigos da HP, em agosto. Por outro lado, a cidade ganhou, em março, o Teatro Positivo, que investiu pesado em atrações – começando com o tenor José Carreras. Também passaram por lá Seal (que veio em abril), Joss Stone (junho) e Diana Krall (novembro), entre outros.

Em fevereiro, aconteceu o primeiro show internacional de maior porte do ano, da banda My Chemical Romance, popular entre os adolescentes. A McFly, com público na mesma faixa etária, veio em outubro. Também em fevereiro, teve início uma verdadeira “invasão jurássica” em Curitiba. Primeiro foi o Deep Purple. Em março, foi a vez dos cinqüentões do Iron Maiden. Em abril, veio o ícone The Doors e, em maio, as bandas Whitesnake, Queensryche e Nazareth.

Em setembro, mais velha geração: primeiro os Scorpions, que fizeram um show em Ponta Grossa, nos Campos Gerais. O The Cult também apareceu, em outubro, em Curitiba. Um pouco mais novos, mas já longe de serem revelações, bandas que foram febre nos anos 90s apareceram por aqui, como Bad Religion, Millencolin, The Offspring e Face to Face. Echo And The Bunnymen, TSOL e Gene Loves Jezebel também fizeram apresentações na capital.

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Veteranos da música pop internacional também vieram: Village People se apresentou em maio, Cindy Lauper veio em novembro. E artistas tradicionais em outros gêneros completam a lista: Julio Iglesias, 64, e o francês Charles Aznavour, 83, que veio duas vezes. Nada se compara, no entanto, à presença de um dos pais do rock and roll: o cantor Chuck Berry, 81, fez apresentação única no Teatro Guaíra, em junho.

Cinema nacional

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Apesar de algumas boas produções, como Linha de passe (Walter Salles e Daniela Thomas, setembro), o ano não foi dos melhores para o cinema nacional. Pelo menos em relação ao público, que foi praticamente o mesmo de 2007, com cerca de 89 milhões de pessoas. Em relação ao público que foi conferir filmes brasileiros, o número é, inclusive, menor que no ano anterior.

Uma boa surpresa foi Estômago (do curitibano Marcos Jorge, em abril), premiado no Festival Internacional de Punta Del Este e no Festival do Rio 2007, além de participação especial no Festival de Berlim. O longa conta a história de um migrante nordestino que encontrou na gastronomia um meio de se firmar na vida, inclusive dentro da cadeia. Grande parte das cenas foi feita dentro do presídio do Ahu, em Curitiba, desativado em 2006.

Forte candidato para representar o Brasil na categoria de melhor filme estrangeiro no Oscar 2009, Estômago foi batido por Última parada: 174, de Bruno Barreto, que não conseguiu ficar entre os finalistas do Globo de Ouro deste ano, além de ter recebido diversas críticas.

Com a direção do brasileiro Fernando Meirelles, Ensaio sobre a cegueira foi um dos filmes de maior discussão em 2008. Abriu o Festival de Cannes e dividiu opiniões. Após a primeira exibição, a adaptação do livro de José Saramago ,foi alterada pelo diretor e a versão que chegou aos cinemas brasileiros em setembro trazia uma cena a menos de estupro, mudanças na narração em off e alteração de algumas cenas. Mesmo com considerável boa recepção, o filme enfrentou protestos, como da associação dos cegos norte-americanos.

Outro filme brasileiro premiado foi Chega de Saudade, como melhor filme no 14.º Festival Internacional de Genebra, na Suíça (novembro). Quem também continuou colhendo frutos foi o diretor José Padilha e o seu Tropa de elite (2007), com premiações como o Urso de Ouro, em Berlim (fevereiro), Prêmio Bravo Prime de Cultura (outubro) e Festival Sesc de Melhores Filmes (abril).

Internacionais

Uma das estréias mais ovacionadas de 2008 foi Batman – O Cavaleiro das Trevas, nas férias de julho da garotada, com a impecável atuação de Heath Ledger (morto por overdose de medicamentos em janeiro) no papel do Coringa, que recebeu indicação póstuma ao Globo de Ouro. Ainda nas férias, o dilema do robô Wall-E agradou a platéia, assim como o super-herói Homem de Ferro, bem diferente do mais novo 007 – Quantum of Solacek, considerado previsível.

Perdas

Os paranaenses Valêncio Xavier e Zito Alves foram algumas das ausências mais sentidas do ano. Um dos escritores mais reconhecidos do Estado, Xavier, de 75 anos, foi vítima do mal de Alzheimer. Projecionista e criador da Paracine, que presta assistência técnica a praticamente todos os cinemas do Paraná, Zito morreu de falência múltipla dos órgãos, em agosto, com 83 anos.

O autor do livro Cantos dos Malditos (que deu origem ao filme Bicho de Sete Cabeças), Austregésilo Carrano, faleceu em maio, com 51 anos, devido a complicações decorrentes de um câncer no fígado.

Teatro

Neste ano, o Festival de Teatro de Curitiba terminou tendo uma média de ocupação estimada de 80% dos teatros para os cerca de 280 espetáculos. Apresentações canceladas irritaram parte do público, que só ficou sabendo das mudanças em cima da hora. Para 2009, o cadastro de companhias para participar da mostra Fringe bateu recorde. Mais de 450 espetáculos foram cadastrados para participar da próxima edição do festival, que acontece de 19 a 29 de março. Em 2008, foram 262 espetáculos do Fringe.