A Balada Literária de 2017 começa nesta quarta-feira, 8, homenageando Torquato Neto, figura chave da cultura brasileira que neste ano passa por uma retomada, 45 anos depois de sua morte precoce, em 1972.

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Ele tinha só 28 anos quando escolheu sair da vida, mas sua presença é constante na música, literatura, cinema e artes visuais brasileiras até hoje – ano que vem, será celebrado o cinquentenário da Tropicália, movimento no qual ele só é menos central do que Caetano e Gil. Ainda em 2017, foram descobertos inéditos, sua poesia tem uma edição completa a sair pela Autêntica e o filme Torquato Neto: Todas as Horas do Fim, de Eduardo Ades e Marcus Fernando, estreou no Festival do Rio, passou na Mostra de SP e agora será exibido na Balada.

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A festa que o escritor Marcelino Freire organiza há 12 anos começa nesta quarta-feira, 8, às 19h, no Sesc 24 de Maio, com um show de Jards Macalé, Arnaldo Antunes e Márcia Castro em homenagem a Torquato – Antunes vai apresentar uma canção inédita sobre uma letra do poeta, e os três devem cantar Cajuína, a célebre composição de Caetano lançada em 1979 em homenagem a Torquato. Marcelino conta que na versão da Balada em Teresina, em outubro, Jards ficou muito emocionado ao cantar Pra Dizer Adeus (de Torquato e Edu Lobo).

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Vem justamente de Teresina, cidade natal do poeta, um dos dois grandes aportes financeiros da Balada, que este ano não utiliza nenhuma lei de captação. Outro parceiro é o Sesc, que recebe alguns eventos, como a abertura e o encerramento. Marcelino explica que dentro de uma ideia de descentralização coerente com a história do evento, este ano houve edições da Balada Literária em Teresina e Salvador.

O escritor e curador do evento conta que tinha uma “dívida afetiva” com Torquato desde que foi visitar o acervo do poeta em Teresina, hoje gerenciado pelo publicitário e professor George Mendes, primo do artista (e que também está na programação do evento em São Paulo). “Toda a sombra, a influência e a energia que o Torquato espalha pelos artistas da cidade é impressionante, muito pulsante, muito viva”, diz Marcelino. “Então já tinha esse compromisso, e quando fui ver estava saindo filme, poesia completa, inéditos, encontraram a gravação da voz dele.”

O inédito a que ele se refere é o livro Fragmentos Poéticos – A Palavra em Construção, que aborda o processo criativo do compositor Torquato Neto, especialmente no período pós-Tropicália. O livro será lançado no evento na quinta-feira, 9, às 11h30, na Livraria da Vila da Fradique Coutinho.

No mesmo dia, na Casa de Francisca, está marcada uma vigília em homenagem a Torquato, que começa no dia 9 às 21h e vai até às 3h do dia 10 – Torquato nasceu no dia 9 de novembro de 1944 e morreu no dia 10 de novembro de 1972. Na ocasião, shows com Alzira E, Arruda, Lucina, Roberta Estrela D’Alva, Tuzé de Abreu e um tributo a Luiz Melodia, antigo parceiro de Torquato, com Aloísio Menezes e Fabiana Cozza, entre outros.

A Balada segue até o domingo, 12 de novembro, e reúne dezenas de outros convidados, como Milton Hatoum, Lira Neto, Lourenço Mutarelli, Conceição Evaristo, Ítalo Moriconi, e se encerra às 18h30 deste dia 12, no Cinesesc, com a exibição de Todas as Horas do Fim e a presença de Tom Zé.

“Sobretudo estamos precisando muito do Torquato”, diz Marcelino, se referindo à situação geral do Brasil no mesmo dia em que houve em São Paulo uma manifestação contra a presença de uma intelectual estrangeira no País. “É bom que todo mundo se junte para celebrar essa figura contra a ditadura, que era pela liberdade extrema de expressão, multifacetado, moderno, se misturando no cinema e nas artes plásticas.”

Destaques

Abertura

Jards Macalé, Arnaldo Antunes e Márcia Castro em show inédito. Sesc 24 de Maio, 8/11, 19h/ 21h.

Do Lado de Dentro

Com George Mendes, curador do acervo, e Thiago Nunes, filho de Torquato, mediação da colunista do ‘Estado’ Roberta Martinelli. Livraria da Vila, 9/11, 11h30.

Começar Pelo Recomeço

Maria Amélia Mello, Ítalo Moriconi, Nicolas Behr e Samária Andrade. Sesc Pinheiros, 11/11, 16h30.

Domingou

Com Milton Hatoum e a tradutora chinesa Min Xuefei. Livraria da Vila, 12/11, 11h30.