A simples presença de Zico na partida beneficente que ocorreu quinta-feira, na Arena da Baixada, foi o suficiente para contagiar mais de 22 mil pessoas. Prevaleceu a nostalgia batendo forte no coração de cada um, mesmo que o ex-craque esteja com seus 58 anos e, logicamente, fora da forma ideal para um atleta. Os sentimentos marcantes remetiam aos tempos em que o Galinho de Quintino esteve em atividade, fazendo com a bola o suficiente para ter seu nome na seleta lista dos imortais do futebol.
Tal carisma, aliado à disciplina tática, faz com que muitos sonhem com que um dos maiores camisa 10 brasileiros se torne treinador no País. Fato que Zico prontamente descartou antes do jogo na Arena. “Não é o meu dever”, disse ele, recordando que há dois meses recebeu um convite do Atlético para ocupar tal posto. Tal opção, no entanto, não afasta o ídolo do esporte que o consagrou para o mundo.
Por meio do futebol, Zico se consolida como grande liderança social brasileira. Além do amistoso beneficente entre os Amigos do Litoral do Paraná x Amigos do Japão, há pelo menos oito anos ele, que se tornou uma espécie de garoto propaganda para jogos solidários, realiza eventos no Rio de Janeiro. Entre aqueles que já contaram com recursos obtidos em partidas organizadas pelo Galinho estão os familiares de Washington. O ex-atacante, que nos anos 1980 protagonizou com Assis o emblemático “Casal 20”, vestindo as camisas de Atlético e Fluminense, hoje sofre de grave doença degenerativa. “Esse é o tipo de evento que vou jogar”, assegurou o ex-atleta.
Um dos projetos atuais do Galinho está na ampliação de suas escolas de futebol Zico 10, que carregam o slogan “Desenvolvendo talentos com responsabilidade”. O ex-jogador afirma que já trabalha com mais de 15 mil crianças em 15 estados brasileiros. “É com isso que devemos nos preocupar. Devemos dar a nossa contribuição ao futebol pensando na educação do país. A criançada pode dar uma grande guinada na educação através do futebol. Creio que meu nome pode ajudar”, disse.
A opção de trabalhar por conta, longe dos grandes clubes brasileiros, tem motivos. Em 2010, Zico conheceu de perto as artimanhas negativas da “cartolagem” futebolística.