Um dos sobreviventes do acidente aéreo da Chapecoense, o zagueiro Neto voltou a falar nesta terça-feira sobre a tragédia que matou 71 pessoas no fim de novembro, na Colômbia. Ainda com dificuldades na fala, devido aos procedimentos realizados em sua recuperação, o jogador falou sobre as expectativas para o futuro e descartou qualquer tipo de rancor em relação aos responsáveis pelo acidente.

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“A maioria da pessoas que tiveram sucesso foi corajosa, persistente. Eu tenho coragem para conseguir (ir em frente). Não tenho raiva de ninguém. Lógico que foi uma loucura o que aconteceu. Eu me lembro muito bem o que aconteceu no avião. Mas não tenho raiva do que o piloto fez”, afirmou em entrevista coletiva.

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Neto se referiu diretamente a Miguel Quiroga, um dos sócios da LaMia e piloto do avião que caiu nas cercanias de Medellín. Miguel foi um dos mortos no acidente, mas recentemente uma investigação do governo boliviano culpou a empresa e o empresário pelo ocorrido, além de ter iniciado um inquérito para investigar diversos outros representantes da LaMia e responsáveis pela fiscalização dos serviços aéreos no país.

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Mas Neto prefere não pensar nisso, e sim focar em sua recuperação. O zagueiro tem recebido apoio de todos os lados, inclusive de ex-companheiros, e se apega à religião para buscar forças para concluir este processo e voltar aos gramados com a camisa da Chapecoense.

“Tenho recebido muitas mensagens de jogadores que atuaram comigo. É muito bacana sentir o carinho das pessoas. Querem me ver de perto. O carinho agora é muito especial. Me veem como uma pessoa especial. Tento seguir em frente, com o coração grato a Deus por estar aqui. Todas as pessoas que estavam ali eram especiais. Deus só teve um tempo a mais para mim. Me sinto privilegiado por Deus ter feito algo assim comigo”, afirmou.

Neto foi o último dos seis sobreviventes resgatados com vida na Colômbia e aquele que viveu situação mais crítica no início da recuperação. Ainda assim, tem evoluído rapidamente e a expectativa é que possa voltar aos gramados em cerca de quatro meses. “Muitos falavam que eu fiquei vivi oito horas sem socorro porque eu sou um atleta, mas não tem nada disso. Foi Deus que me permitiu ficar vivo.”

Apesar da ansiedade para voltar aos gramados, o próprio Neto admitiu que seu objetivo maior, neste momento, é outro. “É uma situação nova pra mim. Eu era exemplo para os jovens, mas como atleta. Hoje, estou muito além disso. Minha expectativa é deixar um legado de uma pessoa que quer vencer, que luta pelos seus ideais.”