O zagueiro Daniel, do Atlético, e o procurador Luís Gustavo passaram por maus bocados em Fortaleza, mas estão de volta a Curitiba e nem planejam mais voltar para o desorganizado futebol cearense. Vítimas de atitudes de “coronéis”, os dois foram recebidos com desdém no Tricolor do Pici, não tiveram honrados os acordos preestabelecidos e ainda foram retidos e agredidos por um dirigente do clube e seus capangas. Agora, o destino do jogador, que não será aproveitado pelo técnico Mário Sérgio no Rubro-Negro, deverá ser o Criciúma.
Depois do acerto entre os clubes, os dois se apresentaram sexta-feira no Fortaleza para assinar o contrato. Esperaram das 9h até às 16h, quando foram encaminhados para o Estádio Presidente Vargas, com torcida e imprensa presentes. “Eles queriam forçar uma situação, mas eu proibi o Daniel de dar entrevistas sem ter nada assinado”, disse Luís Gustavo. Como a cartolagem cearense “largou” os dois, eles resolveram embarcar de volta para Curitiba.
Aí, o diretor de futebol, Fernando Morais, resolveu mostrar seu poder de persuasão. Foi até o aeroporto com mais dois capangas e obrigou jogador e procurador a voltarem para o hotel. Retidos, eles entraram em contato com o assessor executivo Antônio Carletto Sobrinho, que acionou o representante do Furacão no Ceará, Magno Morais, ex-jogador que já atuou pelo próprio Fortaleza.
No sábado, Magno pegou os dois no hotel e os levou para o aeroporto. Quando já estavam quase embarcando (faltavam apenas 15 minutos para o avião decolar), nova confusão, dessa vez mais grave. O diretor de futebol reapareceu, na área de embarque – que é reservada, e pulou em cima de Luís Gustavo. O cartola rasgou a camisa do procurador, o ameaçou de morte e só foi contido pelos seguranças do aeroporto. Mesmo com o entrevero, eles conseguiram embarcar para São Paulo.
“Se o Daniel não quis ficar e as condições não eram boas, não podem forçá-lo”, analisa o procurador. De acordo com Luís Gustavo, o pivô da confusão foi um empresário de Caxias do Sul (Paulo Guerra) que se interpôs no negócio e tentou levar vantagem na contratação. “O Carletto ligou para eles (Fortaleza) e disse que o Daniel estava liberado, mas o procurador era eu”, continua.
No Fortaleza, os dirigentes saíram disparando contra o procurador. “Quem fez a negociação foi o Paulo Guerra. Esse Luís Gustavo saiu fugido do flat e tem que reembolsar o Fortaleza de todos os nossos gastos”, disse Fernando Morais.
Depois de tanta confusão e da “prisão” em Fortaleza, Luís Gustavo já tem o aval dos dirigentes atleticanos para negociar o atleta com o Criciúma.
Arena “encolhe” no 1.º semestre
O melhor estádio do Brasil vai continuar com capacidade reduzida no primeiro semestre de 2004. Para não ferir o estatuto do torcedor, os dirigentes do Atlético não vão permitir a presença de mais de 20 mil torcedores na Arena. Apesar de símbolo de modernidade, o Estádio Joaquim Américo ainda não tem um sistema de vigilância por câmeras de vídeo em todos os setores nem há marcação nos assentos. A idéia é adequar as instalações à lei, mas sem improvisações.
“Nós queremos cumprir todas as exigências do estatuto do torcedor com soluções adequadas e duradouras e não apenas fazermos quebra-galhos”, explica o presidente rubro-negro, João Augusto Fleury da Rocha. De acordo com ele, o clube poderia até fazer marcações à tinta nas arquibancadas para poder vender mais ingressos (o estatuto só vale para locais com mais de 20 mil lugares). “A marcação de solo não é compatível com o padrão da Arena. Esse tipo de coisa nós não faremos”, promete.
Com a capacidade limitada, quem poderá sofrer com a quantidade escassa é a torcida atleticana nos clássicos e nas fases decisivas da competição. “É um risco que nós vamos correr, mas imaginamos que até o início do segundo turno do campeonato brasileiro as obras possam estar completas”, aponta. Segundo o dirigente, dentro de alguns dias, ficará definido quem irá colocar as cadeiras no estádio e a tendência é que os assentos sejam postos por setores e com ingressos diferenciados.
Além das cadeiras, a Arena também vai ganhar um moderno sistema de vigilância eletrônica. “O projeto já está totalmente elaborado. Essa vigilância fará uma completa varredura dentro de fora do estádio e cobrirá arquibancadas e estacionamento, por exemplo”, revela. A implantação também acontecerá no primeiro semestre e será feito em forma de parceria com uma empresa privada.
Trabalhos
Ontem, o técnico Mário Sérgio comandou um treino tático com campo reduzido e hoje ele deverá realizar um trabalho apronto para a partida de amanhã, contra o Prudentópolis. O provável time que entrará em campo na estréia do campeonato paranaense deverá ter Diego; Alessandro, Rogério Correia, Lopes e Ivan; Ramalho, Rodriguinho, Jádson e William; Ilan e Fernandinho.
Dos novos contratados, Fabiano, Rena, Valnei e Marcão, além do meia William (que já tinha contrato com o clube) já estão regularizados e podem estrear pela equipe. Para hoje, o departamento de futebol profissional promete deixar toda a papelada do volante Ramalho em dia para que ele também possa entrar em campo contra o Prude.
Ingressos – Já estão à venda as entradas para Atlético x Prudentópolis, amanhã às 20h, na Arena. Os valores são os seguintes: arquibancada, R$ 15,00 (mulheres e crianças até 12 anos, R$ 10,00); cadeira simples, R$ 50,00 e cadeira executiva, R$ 80,00. Estudantes e idosos têm 50% de desconto. Os bilhetes estão à venda na sede administrativa do clube; nas lojas Candeias, Agroplantas e Sementes, Duplo Sentido e Arena Store; confeitaria Saint Georges e Churrascaria Napolitana.Horário – A partida de sábado, contra o Francisco Beltrão, será mesmo às 16h30. O clube tinha pedido a antecipação do jogo em 30 minutos, mas preferiu manter a programação original.