Se a temporada passada foi de afirmação para o zagueiro Rhodolfo – principal revelação do clube – , 2008 tem tudo para ser o ano da consagração do jovem defensor com a camisa rubro-negra. Isso ficou provado nos jogos iniciais do Furacão no campeonato estadual, onde Rhodolfo, que se destaca com habilidade desarmando os adversários, já deixou sua marca como artilheiro, assinalando um gol de cabeça em Paranaguá, diante do Rio Branco, e outro contra o Real Brasil, em um bonito chute de fora da área.
Formado nas categorias de base do Atlético, o zagueiro ganhou chance na equipe titular apenas na 15.ª rodada do Brasileirão de 2007, na famosa ?Batalha do Olímpico?, contra o Grêmio, em 28 de julho. Demonstrando eficiência nos desarmes e velocidade para as antecipações, o jogador conquistou seu espaço, tanto que atuou no sistema 4-4-2 com Antônio Lopes e 3-5-2 com Ney Franco. No final da temporada veio a grande recompensa. O zagueiro foi convocado pelo técnico Dunga para integrar a seleção olímpica.
Desde que passou a titularidade no Atlético, Rhodolfo não jogou apenas três das 26 partidas disputadas pelo clube (Brasileiro-07 e Paranaense-08); duas delas em razão de suspensão por cartões e a outra por opção técnica do treinador. Pior para Ney Franco que, na ocasião, viu o seu time ser goleado: 5 a 0 para o Náutico, em Pernambuco.
Eficiente na zaga, o jovem zagueiro também ajudou o Atlético marcando gols. Foram dois na competição nacional, diante do Corinthians e América-RN, e outros dois neste Estadual. De personalidade tímida e com seu 1,93m de altura, o paranaense Rhodolfo ainda mantém um ?jeito juvenil? e, como todo jogador em início de carreira, pensa em ajudar a família e chegar à seleção canarinha.
Início
Mas os primeiros degraus para alcançar seu objetivo foram difíceis de serem transpostos. Em Barra do Jacaré, cidade com menos de três mil habitantes e localizada no Norte Pioneiro do Estado, o adolescente quase desistiu do sonho. Ele estava com 16 anos, ainda não tinha se firmado em nenhuma equipe de futebol e, aos poucos, via seu desejo de tornar-se jogador se esvair. A oportunidade apareceu quando o pai de um colega o indicou a um empresário que abriu as portas do Atlético. De lá pra cá, Rhodolfo atuou no juvenil, juniores e chegou até o profissional.
A trajetória no profissional também não foi moleza. Com Vadão não teve chance de jogar. Com Antônio Lopes, treinava na equipe B, participando de amistosos. E, antes de conquistar posição na zaga atleticana, viu o ?delegado? experimentar muitas outras duplas defensivas formadas por Danilo, Gustavo, João Leonardo, Alex Fraga e até mesmo por Erandir – que atuava como volante.
Com a chegada de Ney Franco, o zagueiro teve que mostrar novamente que tinha condições de permanecer na equipe. Na seqüência de treinamentos e jogos, ganhou a confiança do atual técnico e hoje vislumbra um 2008 ainda melhor. Já no primeiro jogo do ano, provou isso.
Disposição e rapidez: esse é o estilo de Rhodofo
Valquir Aurealino |
Zagueiro quase chegou a desistir de jogar no Atlético. |
O zagueiro, artilheiro do Atlético Rhodolfo bateu um papo com o Paraná-Online e comentou sobre seu começo de carreira, família e expectativa de futuro.
Paraná-Online: Você tem apresentado uma evolução grande e tem sido um dos destaques no Atlético. A que se deve isso?
Rhodolfo: Tento fazer o meu melhor para ajudar a equipe. E também para, no futuro, ajudar minha família. Acho que todo mundo tem seus objetivos e o meu sempre foi trabalhar e tentar ser titular do Atlético.
Paraná-Online: Quem é responsável pelo seu bom futebol?
Rhodolfo: A equipe toda e a diretoria. Todos me dão segurança para poder jogar, me apoiam e me dão conselhos. Acredito que por isso meu futebol tem crescido. A disposição é um fator determinante para mim. Tento não desistir nunca da jogada.
Paraná-Online: Apesar das boas partidas, você pecou em algumas saídas de bola. É uma dificuldade sua?
Rhodolfo: No juniores meu ponto forte era esse. Mas alguns técnicos, já no profissional, pediram para eu segurar um pouco mais atrás e com isso perdi um pouco a saída de bola. Mas estou tentando melhorar para ajudar meu time a ter mais qualidade.
Paraná-Online: Característica positiva é a sua rapidez?
Rhodolfo: Sim. No juniores antecipava bem e saía pro jogo.
Paraná-Online: Qual a grande diferença que você sentiu da saída da categoria júnior para a profissional.
Rhodolfo: A experiência. Acho que esse é o diferencial. Com os treinamentos você ganha isso, já que tem ao seu lado jogadores mais experientes que te orientam e passam o que é certo para você.
Paraná-Online: Qual a principal dificuldade que teve quando chegou ao Atlético?
Rhodolfo: O começo foi difícil. Vim sozinho e sem nenhuma experiência no futebol. Era alto e muito magro. Tinha outros jogadores que não gostavam de mim. Não tinha apoio nenhum. Cheguei a chorar e a ligar para meus pais pedindo para ir embora. Daí meu pai disse: ?Não, meu filho, fica que esse é o seu sonho e você tem que realizar?. Hoje, agradeço a eles por ter ficado aqui.
Paraná-Online: E a convocação para a seleção olímpica brasileira?
Rhodolfo: Quando recebi a notícia fiquei espantado e comecei a tremer de tão contente. Imediatamente liguei pra família e daí foi todo mundo chorando.
Paraná-Online: Nada melhor do que começar a temporada fazendo gols?
Rhodolfo: Estou muito feliz por estrear com o pé direito e fazendo gols. Mais feliz ainda por ajudar o Atlético a conquistar esses seis pontos.
Paraná-Online: O que o torcedor pode esperar do Atlético em 2008?
Rhodolfo: Faz três anos que o Atlético não conquista um título e um time grande não pode ficar tanto tempo assim sem vencer nada. Vou ajudar o Atlético a chegar às finais do Campeonato Paranaense e conquistar o título. Temos um grupo de qualidade e estamos muito focados no que precisamos fazer dentro de campo.