Leverkusen – Há oito anos Zagallo espera por este sábado. Para um homem que, aos 74 anos e recuperando-se de uma grave doença, vive cada instante nesta Copa do Mundo como se fosse o último, isso é muito importante.
Zagallo, o maior vencedor da história do futebol mundial, teve a biografia manchada pela final de 1998, na França, quando ouviu Ronaldo, o médico Lídio Toledo e escalou o Fenômeno, mesmo após uma convulsão, na final contra a França. Tomou a decisão que todo mundo tomaria. E errou. No sábado, o hoje coordenador-técnico da seleção, cargo que ele ocupa por mérito e direito, mas não exerce, quer reescrever a história.
?O que aconteceu há oito anos foi um desastre. Mais que a perda do título, foi o problema de saúde do Ronaldo que nos marcou. Isso não rouba o mérito da França, que tinha um time inteiro e se aproveitou do fato de jogarmos praticamente sem nosso principal artilheiro.
Mas tudo bem: nos reencontraremos no sábado.
Aí a história será diferente.?
Zagallo procurou a sombra de uma árvore para, ontem à tarde, ouvir as perguntas.
Está andando devagar, fala pausadamente, mas tem uma coisa que dá gosto -principalmente num ambiente cheio de dissimulações como é o de uma seleção: olha olhos do interlocutor.
Outra história
?Pode escrever aí: no sábado, a história de Brasil e França será muito diferente. Em 1998, Ronaldo teve aquele problema e o Zidane estava inteiro, e quatro anos mais novo que agora.
O Ronaldo também envelheceu, mas agora está ótimo. Até gol de cabeça anda fazendo.
Ele irá nos ajudar.?
Coordenador-técnico da seleção, Zagallo ainda é ouvido com carinho por Parreira, seu pupilo desde 1970. Caso ele queira o seu conselho sobre o melhor modo de marcar Zidane, o velho lobo está pronto para responder.
?A seleção tem técnico, é o Parreira. Sou conselheiro. Se fosse o técnico, não marcaria Zidane individualmente.
Prefiro marcá-lo por zona.
Pelo lado que ele cair haverá alguém para marcá-lo.?