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Consistência: com Émerson na zaga,
o Paraná evoluiu muito.

O zagueiro Émerson define, hoje, a sua permanência no Paraná Clube. Com ele, a diretoria garante experiência e segurança para a disputa do Campeonato Paranaense. O jogador completa 30 anos justamente do dia da reapresentação do elenco – 5 de janeiro – e foi um dos responsáveis diretos pelo ressurgimento do Tricolor na reta final do Brasileirão. Com uma conduta extremamente profissional, entrou na equipe para não mais sair e nos treze jogos que disputou pôs fim à instabilidade defensiva que jogara o time na zona de rebaixamento.

"Agora, que o sufoco passou, é momento de relaxar, acreditando que 2005 será muito melhor", disse o jogador. Émerson, de poucas palavras no dia-a-dia, marcou por ser um líder nato. Só não assumiu a faixa de capitão porque, quando chegou, este "cargo" já pertencia ao volante Axel. "É até curioso. Não sou de falar muito, mas em campo me transformo". Essa virtude o zagueiro mostrou logo na sua estréia, em Paranaguá, quando o Paraná venceu o Vasco da Gama (2×1), de virada. "Acho que vencemos um grande desafio, pois terminamos o ano na 15.ª posição. Ganhamos sete posições em apenas catorze rodadas", lembrou.

Émerson "caiu como uma luva" numa equipe até então marcada por sucessivas goleadas. Por seis vezes o Paraná levou quatro gols ou mais, chegando a perder por 6×1 para o Vitória, na maior goleada sofrida pelo clube em campeonatos nacionais. Com Émerson, o Paraná levou dois gols em apenas três oportunidades e por três vezes a zaga não foi vencida. "Levamos apenas treze gols. É uma boa média se considerarmos o nível do campeonato," Com a entrada de Émerson, houve um crescimento também no rendimento de Fernando Lombardi, outro que terminou o ano em alta.

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Eles estiveram lado a lado em onze das treze partidas que Émerson disputou. "Acho que era uma questão de deixar de lado a tensão que o momento nos impunha. Sem tranqüilidade não dá pra jogar futebol." O zagueiro primou pela regularidade. Foi difícil apontar erros individuais de Émerson ao longo dos jogos. Até com a sorte ele contou na última rodada. Fez o gol contra que determinou a vitória do Internacional, mas na súmula o árbitro assinalou o mesmo a João Paulo. Assim, Émerson terminou o ano com a "ficha limpa".

Antes mesmo do término da competição, a diretoria já conversava com o jogador. O presidente José Carlos de Miranda assegurou que o clube precisou fazer um grande esforço para conseguir apresentar uma proposta vantajosa ao atleta. "Ele é um fora de série e por isso tivemos que encontrar uma fórmula capaz de sensibilizá-lo a ficar no Paraná", comentou. Émerson, que sempre detestou a idéia de ficar "pulando de galho em galho", confirmou a intenção de renovar o contrato. "Desde o começo, deixei claro que só sairia no caso de uma proposta vantajosa para o exterior. Vou ficar", disse o jogador à Tribuna.

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Diretoria diz que não quer pecar pelo excesso

As especulações correm soltas e a diretoria do Paraná Clube reconhece que não é fácil, hoje, traçar um perfil do elenco para 2005. Há, no entanto, uma promessa: não incorrer nos mesmos erros cometidos nesta temporada. Nada menos do que 49 jogadores passaram pelo grupo principal ao longo do Brasileirão. Chegaram, desde a intertemporada, em abril, 36 reforços, sendo que em alguns casos – até curiosos – sequer contratos foram assinados.

Foi assim com Didi, atacante que recebeu o primeiro salário, mas não pôde ser registrado. Tinha um contrato pré-existente com o Ituano, que "brecou" sua inscrição na CBF. O jogador transferiu-se para o Internacional, de onde foi "enxotado" após se envolver num escândalo particular. Quem também esteve treinando por alguns dias no Tricolor foi o zagueiro Esmerode, ex-Coritiba. O jogador só não ficou porque seu visto para trabalhar do Brasil expirara e não haveria tempo hábil para a regularização de sua documentação.

A proposta da diretoria, agora, é definir um grupo de trabalho com, no máximo, 28 jogadores. "Pecamos pelo excesso e isso não vai se repetir", comentou o vice de futebol José Domingos. O elevado número de atletas fez com que Paulo Campos, num primeiro momento, e depois Gilson Kleina não conseguissem ajustar um time-base. "Nos treinos, tínhamos muitos jogadores que nem conseguiam participar dos coletivos. Isso gera desinteresse e intranqüilidade", explicou o dirigente.

O desafio do clube é evitar o êxodo que marcou o fim da temporada 2003 do Tricolor. Do time principal, naquele ano, apenas o goleiro Flávio permaneceu. "Isso não vai se repetir, pois já temos uma base definida e algumas renovações estão bem encaminhadas", disse Zé Domingos. O Paraná depende de eventuais transações que estão sendo controladas pelos parceiros comerciais do clube. Os empresários Sérgio Malucelli, Iko Martins, Vágner Ribeiro e Odário Durães detém os direitos federativos de boa parte dos atletas que vestiram a camisa tricolor no Brasileirão.

"Já acertamos alguns reforços, como Marlon, Chu e Juliano. Mas, outras negociações não devem ocorrer nos próximos dias", explicou Domingos. É provável que somente a partir do dia 3 de janeiro as transações sejam retomadas, aumentando a ansiedade do torcedor paranista. Afinal, já são sete anos de jejum.

Se Paulo ficar, Gilberto também permanece

Se Paulo Campos fica, ele também pode ficar. O psicólogo Gilberto Gaertner ainda não definiu se permanece ou não no Paraná, clube que foi o "pioneiro" na adoção das técnicas motivacionais do profissional, que se consagrou na seleção brasileira de vôlei masculino, trabalhando ao lado de Bernardinho. Mas se não sabe se vai ficar ou não, o psicólogo reconhece que o período no Tricolor foi um dos mais desafiadores de sua carreira.

Para Gaertner, foram dois períodos. "Nós tivemos dois momentos de trabalho aprofundado, que foram as duas passagens do Paulo Campos. Foram experiências ricas, verdadeiros desafios", comenta o psicólogo. "Quando você trabalha com uma situação como a do Paraná, tem que lidar com a motivação que o atleta precisa ter ao mesmo tempo em que sofre a pressão pelos resultados imediatos", conta.

Isto, segundo o psicólogo, só pôde acontecer por causa da entrega de todo o clube. "O trabalho foi pleno pela ajuda da comissão técnica, da diretoria e até mesmo dos funcionários", elogia Gilberto Gaertner.

Já sobre o futuro, Gilberto (que deixou a seleção de vôlei e hoje trabalha com a seleção de karatê e com vários atletas) espera defini-lo logo. "Eu tenho interesse em ficar no Paraná. Se o Paulo realmente permanecer, acho que será um fator importante para que eu também continue meu trabalho", finaliza o psicólogo.