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Augusto Farfus foi o ?mentor? das provas em Curitiba.

Faltam sete dias para que Curitiba receba pela primeira vez uma prova de um campeonato mundial de automobilismo promovido pela FIA. Domingo, acontecem no Autódromo Raul Boesel as duas provas da quinta etapa do World Touring Car Championship (WTCC), a segunda competição mais importante do planeta, atrás apenas da Fórmula1. Será a primeira incursão da categoria na América do Sul. E um curitibano, Augusto Farfus Júnior (ver matéria), é o único brasileiro no grid.

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As negociações para a vinda do WTCC a Curitiba começaram no ano passado. Comissários da Federação Internacional de Automobilismo estiveram na cidade e no autódromo – numa intervenção de Farfus. ?Quando soube que eles queriam fazer uma prova no Brasil, sugeri Curitiba?, revela o piloto, que aproveitou para colocar a cidade natal como primeira opção.

Mas haviam outros fatores favoráveis à capital paranaense – tradição automobilística da cidade, clima semelhante ao europeu e boa estrutura hoteleira. Para completar, a Prefeitura comprou a idéia e Beto Richa foi à Itália para dar o aval aos promotores do WTCC. Deu certo, e no início do ano a FIA confirmou a prova para 2 de julho, único domingo livre no período da Copa do Mundo.

Os curitibanos, acostumados com a Stock Car e com o TC 2000 dos argentinos (que já utilizaram o circuito Raul Boesel), não vão estranhar os carros do WTCC. A diferença é a ?força? – com motores de 2 litros, os carros podem chegar a 450 cavalos. Outro atrativo é a disputa entre as montadoras. BMW, Alfa Romeo, Seat, Ford, Chevrolet, Honda e Peugeot participam do WTCC, dando à categoria o caráter de competição multimarcas que caracteriza a F1. Para reforçar o equilíbrio, a FIA obrigou as equipes a trabalhar com limitadores de giros, peso único (com uso de lastros) e economia de motores, pois cada um deve ser usado por pelo menos quatro provas, além de treinos.

Pier Paolo Nota
Os contêineres, trazendo os carros do WTCC, foram desembarcados ontem no Porto de Paranaguá, partindo em direção ao Autódromo Internacional de Curitiba, onde acontecem as duas provas.
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Apesar de serem dez datas, o WTCC tem vinte provas – cada pista recebe duas etapas no fim de semana. Em Curitiba, as provas terão início às 12h05 e 13h15, ambas com 14 voltas. A classificação da primeira bateria acontece no sábado, às 15h, com duração de meia hora. Para a segunda bateria, vale a classificação da prova anterior, com os primeiros colocados indo para o final do grid. Tudo pela competitividade.

A pontuação é igual à da F1: dez pontos para o vencedor, oito para o segundo lugar, seis para o terceiro, cinco para o quarto e sucessivamente até o oitavo, que leva um ponto. E com o ?grid invertido? nas segundas etapas de cada prova, a classificação é muito equilibrada (ver quadro). Do líder, o francês Yvan Muller (33 pontos), ao oitavo, Augusto Farfus, a diferença é de apenas onze pontos.

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Além deles, outros pilotos dão o tom da categoria. Muitos deles conhecidos, com passagem pela F1. A ?esquadra italiana? é a maior – correm Gabriele Tarquini, Nicola Larini e Gianni Morbidelli os mais famosos. Outro é Alessandro Zanardi, que perdeu as pernas em um acidente na Fórmula Indy e dirige um carro adaptado.

Correndo em casa e com apoio da torcida

Imagine-se um piloto de primeira linha, daqueles que vivem o automobilismo desde criança. Imagine então este piloto tendo a oportunidade de participar de um dos mais importantes campeonatos do esporte. Imagine então ter a chance de correr esta competição na sua cidade. É isso que passa pela cabeça de Augusto Farfus Júnior, único brasileiro a participar do WTCC. Curitibano, ele corre domingo pela primeira vez uma prova internacional no circuito Raul Boesel.

?A última vez que eu pilotei aqui foi em 1998, eu ainda estava no kart?, lembra o piloto de 22 anos (o 3.º mais jovem da categoria). Naquele ano, Farfus foi o vice-campeão curitibano de kart e também teve as primeiras experiências no exterior, disputando corridas nos EUA, Canadá e Mônaco.

Era o salto para uma carreira internacional bem-sucedida. E de uma decisão fundamental – depois de conquistar o campeonato europeu de Fórmula 3000, Farfus decidiu abandonar os monopostos e partir para os carros turismo, aceitando o convite da Alfa Romeo para disputar o europeu da categoria. ?É muito difícil ser piloto profissional e as chances que você recebe não podem ser desperdiçadas. Optei por uma competição tão forte quanto a Fórmula 1?, comenta.

O campeonato europeu virou o WTCC e ano passado Augusto Farfus terminou a temporada na quarta colocação. Este ano, ele venceu a segunda etapa da prova de Monza, mas teve problemas em Magny-Cours e Brands Hatch. Na última corrida, o piloto curitibano foi o segundo na segunda bateria, conquistando oito pontos e subindo para a oitava colocação no geral.

Mas nada que se compare a esta semana de prova em Curitiba. ?Eu passei muito tempo na Europa, e estou ansioso para correr em casa?, confessa Farfus, que apesar da expectativa prefere não falar em ?corrida mais importante da carreira?. ?A mais importante sempre é a próxima. Mas espero um ótimo fim de semana?, finaliza.