A Associação de Tênis Feminino (WTA, na sigla em inglês) saiu em defesa de Serena Williams após a confusão na final do US Open, no sábado. A entidade, que promove o circuito feminino com exceção dos torneios de Grand Slam e da Fed Cup, afirma que a tenista foi alvo de atitude sexista por parte do árbitro da partida e pediu mudanças nas regras de atuação dos técnicos.
“O jogo trouxe à tona a questão de aplicar diferentes padrões a homens e mulheres na arbitragem das partidas. A WTA acredita que não deve haver diferenças no padrão de tolerância diante de emoções expressadas por homens e mulheres em quadra e está comprometida em trabalhar com o esporte para garantir que todos os jogadores sejam tratados da mesma forma. Não acreditamos que isso tenha acontecido na noite passada”, afirmou o CEO da WTA, Steve Simon, ainda na noite de domingo, referindo-se ao jogo de sábado.
A WTA se refere à discussão entre Serena e o árbitro de cadeira da final, o português Carlos Ramos, durante o segundo set da decisão do título contra a japonesa Naomi Osaka. A confusão teve início quando o juiz anunciou um “warning” (advertência) à tenista norte-americana por conta de instruções que seu técnico Patrick Mouratoglou fez em seu box, na arquibancada.
As câmeras da quadra flagraram as orientações, reconhecidas pelo próprio treinador ao fim do jogo. Pelas regras dos torneios de Grand Slam, os técnicos não podem orientar seus tenistas durante as partidas. A mesma regra acontece no circuito masculino, organizado pela ATP, mas é diferente na WTA, que permite este auxílio em suas competições.
No tênis, a advertência é equivalente a um cartão amarelo no futebol. Serena, então, ficou “pendurada”. E logo em seguida ela cometeu nova infração ao quebrar sua raquete contra o chão, o que costuma ser punido com outro “warning”. A segunda advertência, porém, resulta na perda de um ponto. Assim, Osaka iniciou o game seguinte ganhando de 15/0.
Serena já vinha discutindo com o árbitro por reclamar da primeira advertência, ao alegar que não recebeu nenhuma orientação. “Eu prefiro perder do que ganhar trapaceando”, afirmara a tenista, em quadra. A tenista, então, ficou mais irritada com a perda do ponto e chamou o árbitro de “mentiroso” e “ladrão”, o que lhe rendeu nova punição. Desta vez, ela perdeu um game inteiro, conforme as regras – Serena também foi multada pela organização do US Open em US$ 17 mil (cerca de R$ 70 mil) pelas infrações.
A nova punição aumentou a vantagem de Osaka no segundo set. A japonesa, que já liderava o placar com uma quebra de saque na frente, passou a vencer pelo placar de 5/3. Na sequência, ela fechou o set e o jogo, conquistando o título. Na cerimônia de premiação, a campeã foi vaiada e Serena precisou intervir para pedir ao público que interrompesse as vaias.
Na entrevista coletiva pós-jogo, a norte-americana voltou a criticar Carlos Ramos e afirmou que o juiz teve atitude sexista por não punir da mesma forma tenistas homens. Sua alegação foi endossada pela WTA.
“A partida mostrou em quadra uma das novas estrelas do tênis e uma das maiores da história. Esperamos por partidas emocionantes entre elas novamente e esperamos que o que testemunhamos nesta final nunca mais aconteça”, disse o CEO da WTA, no comunicado.
No mesmo texto, Steve Simon pediu uma mudança na regra quanto ao auxílio dos treinadores durante os jogos nos torneios de Grand Slam. “Também achamos que esta questão de orientação dos técnicos precisa ser revista e permitida no esporte. A WTA já apoia o auxílio dos treinadores em quadra.”