Wada contraria COI e diz que russos só devem competir como independentes

A Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) se mostrou contrariada nesta quarta-feira com a decisão do Comitê Olímpico Internacional (COI) de liberar a participação de russos do atletismo nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro sob a bandeira do país, desde que se submetam a testes antidoping independentes.

A Wada reforçou seu apoio à ideia da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) de que os esportistas russos só poderiam competir no Rio como independentes, sem defender a bandeira do país.

As posições da IAAF e da Wada vão de encontro com a decisão do COI que, na terça-feira, anunciou que “atletas limpos” poderão competir sob a bandeira russa. A entidade pediu aos atletas que se considerem inocentes para que passem por testes fora do país. Essa recomendação, porém, não vale apenas para o atletismo, mas para todas as modalidades esportivas.

Esta brecha na decisão de suspender o atletismo russo, anunciada na sexta passada, é um concessão política ao governo russo. O presidente de Vladimir Putin havia alertado, momentos antes do anúncio, que poderia tomar uma decisão “sem precedentes”, abrindo temores de um boicote ao Rio pelos russos.

Putin defendia que uma “solução” teria de ser encontrada, recusando a ideia de que os atletas “limpos” pudessem competir sob um bandeira neutra ou do COI, como ocorrem com competidores de países em conflito ou atletas refugiados.

A brecha, porém, não foi aprovada pela IAAF e pela Wada. “Até a necessária mudança cultural na Rússia, com forte avanço na educação e nos programas de prevenção, apoiados por programas de controle independente de doping e compliance, a Wada não pode garantir aos atletas do mundo que está havendo alguma reforma [na atuação russa diante de casos de doping]”, disse a Agência Mundial Antidoping, em nota assinada por seu presidente, Craig Reedie.

Esta divergência abre espaço para um atrito inesperado na cúpula do COI, uma vez que Reedie também é um dos quatro vice-presidentes do Comitê Olímpico Internacional.

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